Investigação da Air India: Botão de combustível tinha trava contra acionamento acidental
Trava em botão de combustível da Air India impede acionamento acidental

Uma delegação de investigadores da Índia viajará aos Estados Unidos na próxima semana para uma revisão crucial dos dados relacionados ao trágico acidente do voo AI-171 da Air India. A reunião, que ocorrerá em conjunto com o National Transportation Safety Board (NTSB), foi confirmada por uma reportagem da Bloomberg News divulgada no último sábado (6).

O que aconteceu no voo fatal da Air India

O Boeing 787-8 Dreamliner caiu segundos após decolar do aeroporto de Ahmedabad, no dia 12 de junho deste ano. A tragédia resultou em 260 mortos, incluindo 29 pessoas que estavam em solo no momento do impacto. Apenas um passageiro sobreviveu ao desastre, que chocou o mundo da aviação.

Um relatório preliminar, divulgado em julho, trouxe à tona um dado alarmante: os interruptores que controlam o fornecimento de combustível para os dois motores foram movidos da posição "ligado" para "corte" apenas três segundos após a decolagem. A ação é considerada extremamente improvável de ocorrer por engano, uma vez que os botões possuem travas de segurança específicas para evitar acionamentos acidentais.

As lacunas e críticas na investigação

Embora os botões tenham sido religados alguns segundos depois, a aeronave já havia perdido potência irreversivelmente. O avião caiu ao atingir aproximadamente 198 metros de altitude, colidindo com um alojamento de uma faculdade de medicina em uma área residencial.

As gravações da caixa-preta, parcialmente reveladas pelo Wall Street Journal, mostram um momento de tensão na cabine. O copiloto, em pânico, questionou o comandante sobre o motivo do corte de combustível, enquanto este manteve uma postura calma. No entanto, o relatório oficial foi criticado por especialistas por ser "seletivo" e omitir dados importantes, como a transcrição completa do diálogo e a identificação de quem fez a pergunta "por que você desligou?".

Perfil dos pilotos e próximos passos

O comandante Sumeet Sabharwal era um experiente piloto com mais de 15,6 mil horas de voo e também atuava como instrutor na Air India. No momento da decolagem, o primeiro oficial Clive Kunder, com pouco mais de 3,4 mil horas de voo, era o responsável pelo comando ativo da aeronave. Como piloto monitor, Sabharwal tinha maior liberdade para operar sistemas da cabine, incluindo os interruptores de combustível.

A investigação já descartou a hipótese de falha mecânica. A análise dos destroços confirmou que os motores funcionavam normalmente antes do corte, havia combustível suficiente e os flaps estavam configurados corretamente para a decolagem. Nenhuma recomendação foi feita à Boeing ou ao fabricante dos motores, indicando que não houve falha técnica.

O encontro com o NTSB terá como foco principal a validação dos dados brutos das caixas-pretas e a discussão sobre as lacunas do relatório preliminar. A Air India, que possui uma frota de 33 aeronaves Boeing 787-8 Dreamliner, submeteu todas as suas aeronaves a inspeções após o acidente. Ainda não há previsão para a publicação do relatório final da investigação.