A fabricante europeia Airbus determinou um recall de emergência que atinge aproximadamente 6 mil aeronaves do modelo A320 em todo o mundo, em um dos maiores chamados de sua história de 55 anos. A medida foi necessária para corrigir uma falha crítica de software que já havia causado o pouso de emergência de um voo da JetBlue em outubro.
Emergência global na aviação
Neste sábado (29), companhias aéreas globais correram contra o tempo para aplicar correções de software em suas frotas de Airbus A320. O problema técnico já havia deixado aeronaves temporariamente no chão na Ásia e na Europa, e ameaçava afetar as operações nos Estados Unidos durante um dos fins de semana mais movimentados do ano para viagens.
O recall abrange mais da metade da frota mundial da família A320, que totaliza cerca de 11.300 aeronaves em operação globalmente. Desse total, 6.440 são do modelo central A320, o que torna a situação particularmente crítica para o setor de aviação comercial.
Incidente que motivou o recall
O problema que desencadeou a ação emergencial ocorreu em 30 de outubro, envolvendo o voo 1230 da JetBlue. A aeronave, que seguia de Cancún, no México, para Newark, em Nova Jersey, precisou realizar um pouso de emergência em Tampa, na Flórida.
Fontes revelaram à Reuters que o incidente envolveu problemas no controle de voo e uma queda repentina e não comandada de altitude. Várias pessoas a bordo precisaram ser levadas ao hospital após o ocorrido, embora não tenham sido relatadas vítimas fatais.
Resposta das companhias aéreas
As empresas aéreas trabalharam durante a noite de sexta-feira (21) para implementar as correções necessárias após a Airbus emitir o alerta emergencial para 350 operadoras em todo o mundo. Reguladores globais determinaram que as companhias resolvessem o problema de software antes de retomarem as operações com as aeronaves afetadas.
Nos Estados Unidos, a American Airlines, maior operadora de A320 do mundo, informou que 209 dos seus 480 aviões do modelo precisavam da correção. Outras companhias norte-americanas como Delta, JetBlue e United também estão entre as 10 maiores operadoras da família A320 e foram impactadas pela medida.
Situação por regiões
Europa: A companhia aérea de baixo custo Wizz Air afirmou que as atualizações de software foram aplicadas durante a noite em todos os seus A320 afetados e não esperava mais interrupções.
Colômbia: A Avianca informou que o recall atingiu mais de 70% de sua frota, o que a levou a suspender a venda de passagens para viagens até 8 de dezembro.
Índia: O regulador de aviação do país informou que 338 aeronaves Airbus foram afetadas, mas que o ajuste de software seria concluído até domingo. A maior companhia do país, a IndiGo, disse ter concluído o ajuste em 160 dos seus 200 aviões.
Japão: A ANA Holdings, maior companhia aérea do Japão, cancelou 95 voos no sábado, afetando 13.500 viajantes.
Brasil fora da zona de risco
As companhias aéreas brasileiras afirmaram que não serão afetadas pelo recall da Airbus. A informação traz alívio para o mercado nacional de aviação, que poderia enfrentar sérios transtornos durante um período de alta demanda por viagens.
A correção proposta pela Airbus consiste na instalação do software anterior nas aeronaves. Embora relativamente simples do ponto de vista técnico, a intervenção precisa ser realizada antes que os aviões possam retornar às operações normais.
Executivos do setor afirmam que a medida abrupta é rara e potencialmente custosa em um momento em que a manutenção já enfrenta pressões globais por falta de mão de obra e de peças. No entanto, a Airbus informou posteriormente que os reparos emergenciais em algumas aeronaves podem ser menos trabalhosos do que se pensava inicialmente.