O Ministério Público da França realizou nesta quarta-feira (26) um apelo dramático por justiça no caso do voo AF447 da Air France, que terminou em tragédia sobre o Oceano Atlântico há quase 15 anos. Procuradores franceses exigiram a condenação tanto da Airbus quanto da Air France pelo acidente que ceifou a vida de 228 pessoas.
O drama do voo Rio-Paris
Na madrugada de 1º de junho de 2009, o mundo da aviação foi abalado por uma das maiores tragédias da história. O Airbus A330 que operava o voo AF447 entre Rio de Janeiro e Paris desapareceu dos radares enquanto sobrevoava o Oceano Atlântico, poucas horas após decolar do Brasil.
Entre as vítimas estavam 58 brasileiros e 61 franceses, além de passageiros de outras nacionalidades. A dimensão da tragédia mobilizou uma das maiores operações de busca e resgate da história da aviação.
Operação de resgate histórica
A Marinha do Brasil desempenhou papel crucial nas operações de resgate, realizando buscas em alto mar para localizar os destroços da aeronave e recuperar corpos e a caixa-preta do avião. As operações ocorreram em condições extremamente desafiadoras devido à profundidade das águas e às condições meteorológicas adversas.
Foram necessários quase dois anos de buscas intensivas até que os principais destroços fossem localizados no fundo do oceano, a cerca de 4.000 metros de profundidade.
Batalha legal se intensifica
Em 17 de abril de 2023, tanto a Airbus quanto a Air France haviam sido absolvidas em primeira instância das acusações de homicídio culposo. No entanto, o Ministério Público francês agora busca reverter essa decisão no tribunal de apelação de Paris.
Os procuradores-gerais classificaram como "indecente" a linha de defesa apresentada pelas companhias durante o julgamento de apelação. Eles argumentam veementemente pela anulação da decisão anterior e defendem que o caso exige uma sentença condenatória.
Consequências legais e financeiras
Mesmo em caso de condenação, as empresas enfrentam apenas consequências financeiras limitadas. Ambas estão sujeitas a uma multa máxima de 225 mil euros, equivalente a aproximadamente R$ 1,42 milhão - um valor considerado simbólico diante da magnitude da tragédia.
O caso continua sendo um dos mais complexos e emocionantes da história da aviação comercial, levantando questões importantes sobre responsabilidade corporativa e segurança aérea que ecoam até os dias atuais.