A Eve Air Mobility, empresa subsidiária da Embraer, alcançou um marco histórico para a mobilidade aérea urbana no Brasil. Nesta sexta-feira, 19 de abril, o protótipo do seu veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, popularmente conhecido como carro voador, realizou seu primeiro voo com sucesso.
Voo inaugural em Gavião Peixoto
O momento histórico aconteceu no início da manhã, na maior pista de aviação do hemisfério sul, localizada na planta industrial da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo. De acordo com Luiz Valentini, diretor de tecnologia da Eve, a experiência foi extremamente positiva.
"Foi um voo muito suave, muito estável, muito controlado. Então, a gente ficou muito satisfeito com essa resposta", avaliou Valentini, destacando que o teste faz parte do processo de desenvolvimento do veículo comercial.
Durante o voo, a equipe técnica pôde verificar a integração dos oito propulsores do eVTOL, avaliar o sistema de gerenciamento de energia e observar os níveis de ruído emitidos pela aeronave. O protótipo se comportou conforme todas as expectativas.
Rumo à certificação e operação comercial
Este voo inaugural dá início à fase de testes de voo dos eVTOLs. O CEO da Eve, Johann Bordais, traçou o cronograma futuro. A expectativa é que, nos próximos 12 meses, o protótipo de engenharia realize centenas de voos.
"O ano que vem nós vamos produzir o primeiro protótipo de certificação. Junto vamos ter seis veículos, e junto com a Anac vamos poder começar esse processo de certificação para chegar em 2027", afirmou Bordais.
Para operar comercialmente, os eVTOLs precisam da certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O presidente da Anac, Tiago Chagas Faierstein, reforçou que a segurança será sempre a prioridade absoluta na análise e regulamentação dessas aeronaves, que também demandarão a criação de padrões para treinamento de pilotos, manutenção e infraestrutura de vertiportos.
Detalhes do veículo e mercado promissor
Os eVTOLs da Eve são produzidos em Taubaté (SP), em uma fábrica com capacidade para fabricar até 480 unidades por ano. O modelo tem capacidade para cinco pessoas – quatro passageiros e um piloto – e uma autonomia de voo de 100 quilômetros, ideal para trajetos urbanos curtos, como conexões entre cidades e centros comerciais.
O mercado para essa nova modalidade de transporte já demonstra grande interesse. Atualmente, a Eve conta com cerca de 3 mil unidades encomendadas. A empresa prevê iniciar as entregas e as operações comerciais em 2027.
As projeções da companhia são otimistas: a frota mundial de eVTOLs pode chegar a 30 mil unidades até 2045, transportando mais de 3 bilhões de passageiros nesse período. O setor pode gerar uma receita acumulada impressionante de US$ 280 bilhões (mais de R$ 1,5 trilhão) até a mesma data.
Para financiar essa fase crucial de desenvolvimento, a Eve recebeu recentemente um empréstimo de R$ 200 milhões do BNDES. Os recursos serão aplicados na integração dos motores elétricos e nos testes do protótipo para a certificação final junto à Anac.
