Conflito em ponte improvisada paralisa tráfego e afeta comércio em Nova Friburgo
Uma solução temporária que se tornou um problema permanente. Moradores e comerciantes do distrito de Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, enfrentam dificuldades de acesso devido à interdição de uma ponte de madeira construída de forma improvisada.
O impasse do muro particular
A situação complicou-se quando um muro pertencente à moradora Maria Roselene Daudt, conhecida como Dona Lene, impediu o acesso de veículos à ponte. Apenas motos conseguem atravessar atualmente. A proprietária afirma não ter autorizado a demolição da estrutura e defende seus direitos.
"Eu não posso permitir derrubarem meu muro. É parte da minha casa. Quero que resolvam de forma correta, sem me prejudicar", declarou Dona Lene, mantendo-se firme em sua posição de não ceder o terreno para passagem de veículos.
Impactos no comércio local
Os transtornos começaram em setembro, quando a ponte original localizada na Rua Clarindo da Rosa Teixeira precisou ser demolida para obras de alargamento do córrego, parte de um projeto de prevenção a enchentes.
Comerciantes da região uniram-se e, com apoio da prefeitura, construíram uma ponte provisória usando toras de madeira. Mesmo assim, os prejuízos econômicos são significativos.
Juliane Pereira, vendedora local, desabafa: "A gente teve que improvisar para não ficar isolado, mas está difícil. O movimento caiu muito".
A empresária Andréia Iorio confirma a situação crítica: "As pessoas evitam vir porque acham que está tudo interditado. Está difícil manter o comércio aberto assim".
Batalha judicial em andamento
A prefeitura de Nova Friburgo entrou na Justiça solicitando uma servidão administrativa temporária com pedido de liminar de posse provisória do terreno. O município garante que, após o fim das obras, o muro será reconstruído e o terreno devolvido à proprietária.
Embora o Ministério Público tenha reconhecido o interesse público da medida, a Justiça marcou audiência sobre o caso para 26 de novembro. A prefeitura informou que vai recorrer, por considerar a situação emergencial.
A obra é de responsabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que em nota informou que a intervenção segue em execução e passa por uma readequação de projeto para ser concluída "o mais rápido possível".
Enquanto a disputa judicial não se resolve, a vendedora Dayane Vieira resume o sentimento da comunidade: "A gente quer que resolvam logo, porque o prejuízo está grande e a gente depende do movimento".