Roubo de cabos de energia vira epidemia: mortes disparam 260% em uma década
Mortes por roubo de cabos disparam 260% em 10 anos

Imagine arriscar a vida por alguns metros de fio. Parece absurdo, mas essa realidade virou um pesadelo crescente no Brasil. Nos últimos 10 anos, o número de pessoas que morreram tentando furtar cabos de energia subiu assustadores 260% — um salto que deixaria qualquer especialista de cabelo em pé.

Os dados, que beiram o inacreditável, mostram uma tendência perigosa. Enquanto o preço do cobre sobe no mercado ilegal, as estatísticas funerárias acompanham o ritmo. "É uma equação macabra", comenta um eletricista que prefere não se identificar. "Cada vez mais gente acha que vale a pena brincar de roleta russa com 13.800 volts."

O perigo que muitos ignoram

Engana-se quem pensa que o risco está só no choque. Durante as tentativas de furto — geralmente feitas no escuro, literal e figurativamente — os ladrões enfrentam:

  • Quedas de grandes alturas (muitos tentam escalar postes sem equipamento)
  • Queimaduras de terceiro grau quando os cabos se rompem
  • Explosões causadas por curto-circuito
  • E até mesmo linchamento quando são pegos em flagrante

Não bastasse isso, as concessionárias de energia calculam que cada furto desses deixa centenas de residências no escuro. "É um crime que prejudica toda a comunidade", explica uma fonte das empresas, que pediu anonimato. "Além do prejuízo material, há famílias que dependem de equipamentos médicos em casa."

O lado humano da tragédia

Por trás dos números frios, histórias que cortam o coração. Como a do adolescente que, influenciado por colegas, tentou seu primeiro furto e não viveu para contar. Ou da mãe solteira que via nos furtos uma "saída fácil" da pobreza — e encontrou uma saída definitiva.

Psicólogos sociais apontam que muitos dos envolvidos sequer entendem o risco real. "Há uma subcultura que banaliza o perigo", analisa Dra. Fernanda Costa, da USP. "Quando o desespero econômico se junta à desinformação, o resultado é essa carnificina evitável."

Enquanto isso, nas periferias, o problema vai além da lei. Algumas comunidades desenvolveram até códigos próprios — "zonas livres" onde os furtos são "proibidos" por traficantes, que não querem atenção policial extra. Ironia cruel: até o crime organizado reconhece o perigo excessivo.