Incêndio na COP30 causa caos com bagagens e documentos de participantes
Um incêndio de grandes proporções atingiu a Zona Azul da COP30 em Belém na quinta-feira (20), causando transtornos significativos para participantes internacionais que tiveram seus pertences pessoais retidos no local. O incidente obrigou a evacuação completa da área restrita da ONU e deixou delegados em situação delicada, muitos sem documentos essenciais para viajar.
Vistoria da Polícia Federal para recuperação de pertences
A Polícia Federal realizou uma vistoria na área atingida pelo fogo na noite de quinta-feira com o objetivo específico de permitir a devolução dos objetos pessoais deixados no local. De acordo com o major Menezes, responsável pela intermediação entre a ONU e as Forças Armadas, a verificação do material que permaneceu na Zona Azul servirá para garantir um controle adequado dos itens abandonados durante a evacuação.
"Isso permitirá devolver ou dar acesso aos pertences das pessoas que estão aqui dentro, especialmente àquelas que têm voo marcado hoje e precisam resgatar seus passaportes", explicou o militar. A situação é particularmente crítica para participantes com viagens internacionais programadas para as próximas horas.
Participantes internacionais em situação delicada
Entre as afetadas está Gisele Obara, diretora da ONG belga Trias, que aguardava a reabertura do local para recuperar sua mala e, se possível, embarcar ainda na quinta-feira para a Bélgica. A situação se repete com a observadora internacional Magali Caroline P Van Coppenolle, representante da organização Climate Bonds Initiative, que também está com seus pertences pessoais retidos no guarda-volumes do evento.
"Não estamos sendo autorizados a voltar lá dentro. Mas meu avião sai muito cedo. Eu esperava poder recuperar minha bagagem, mas isso não vai acontecer", lamentou Magali. Seu voo para a Europa partiria em aproximadamente duas horas após as declarações, tornando praticamente inevitável que seus pertences ficassem no Brasil.
A observadora internacional explicou ainda que ninguém tinha permissão para entrar na área porque as autoridades aguardavam a certificação do corpo de bombeiros atestando que o local estava completamente seguro.
Retomada das atividades e atendimentos médicos
Segundo informações oficiais, a Zona Azul foi restabelecida e voltou a funcionar às 20h40 desta quinta-feira (20), após a emissão do alvará de funcionamento e do atestado de segurança pelo Corpo de Bombeiros. O espaço foi então oficialmente devolvido à ONU.
A organização do evento informou que 21 pessoas foram atendidas ainda na Blue Zone após inalarem fumaça. Uma fonte que atua na equipe de atendimento de saúde da COP revelou que ao menos três pessoas foram encaminhadas para o Hospital Metropolitano com quadro de intoxicação por inalação de fumaça, embora o governo do Pará e a prefeitura de Belém tenham afirmado oficialmente que ninguém ficou ferido no incidente.
Detalhes do incêndio e esforços de contenção
O incêndio começou em um dos pavilhões da Zona Azul, especificamente atrás do pavilhão da Comunidade da África Oriental, onde ocorria um painel. Um bombeiro envolvido nas operações explicou que, após o controle das chamas, o foco do trabalho passou a ser a exaustão da fumaça acumulada nos ambientes internos.
"O incêndio aparentemente já foi controlado. A questão agora é a fumaça, que se espalhou por todo o local. Está sendo usado exaustor para tentar tirar o máximo possível dessa fumaça. O problema é que ela já está em todo o sistema de refrigeração", detalhou o profissional.
O bombeiro também afirmou que a estrutura montada para a conferência utiliza materiais considerados não inflamáveis em seu revestimento, mas alertou que equipamentos, objetos e outros itens dentro dos estandes podem aumentar significativamente a carga de incêndio.
O caso expõe os riscos enfrentados por profissionais que atuam na linha de frente em emergências e levanta questionamentos sobre a transparência das informações oficiais em situações de crise durante grandes eventos internacionais.