Tragédia em Hong Kong: Incêndio consome complexo residencial
Um violento incêndio atingiu o complexo residencial Wang Fuk Court em Hong Kong na tarde de quarta-feira (26 de novembro de 2025), causando uma das maiores tragédias urbanas recentes na região. As chamas se espalharam rapidamente por várias torres do conjunto habitacional, criando uma cena de caos e destruição que mobilizou os serviços de emergência durante toda a noite.
As autoridades confirmaram que o saldo trágico inclui pelo menos 44 mortos, entre os quais um bombeiro que atuava no resgate. O número de feridos em estado crítico chega a 45, enquanto 279 moradores permanecem desaparecidos, segundo informações do governo local.
Três presos e negligência na obra
A polícia de Hong Kong não perdeu tempo nas investigações e já efetuou a prisão de três homens suspeitos de homicídio em conexão com a tragédia. Os detidos trabalhavam em uma empresa responsável pela manutenção do complexo situado no distrito de Tai Po.
De acordo com a superintendente Eileen Chung, materiais utilizados na reforma facilitaram a propagação do fogo de forma incontrolável. "Temos razões para acreditar que os responsáveis da empresa foram gravemente negligentes, o que levou a este acidente e permitiu que o fogo se espalhasse de forma incontrolável, causando muitas mortes", declarou a autoridade policial.
Entre os materiais que potencializaram a tragédia estão:
- Andaimes de bambu
- Telas de proteção
- Espuma aplicada em janelas
Operação de resgate enfrenta obstáculos
Os bombeiros trabalharam incessantemente durante a madrugada, mas encontraram sérias dificuldades para alcançar os andares superiores devido à intensidade do calor e da fumaça. O complexo, construído em 1983 como parte de um programa de moradia subsidiada, possui oito blocos e aproximadamente 2 mil apartamentos.
Mais de 15 horas após o início do incêndio, as equipes ainda combatiam as chamas em três dos prédios. Imagens registradas no local mostravam chamas saindo de pelo menos duas torres de 32 andares, enquanto uma enorme coluna de fumaça escura dominava o céu de Hong Kong.
Cerca de 900 moradores tiveram que ser removidos para abrigos temporários, muitos deles com histórias dramáticas de fuga e preocupação com familiares ainda desaparecidos.
Contexto político e medidas de segurança
A tragédia ocorre a poucos dias de uma eleição legislativa em Hong Kong e reacendeu críticas sobre a segurança em obras e grandes complexos residenciais. O líder de Hong Kong, John Lee, afirmou que uma investigação completa será aberta para apurar todas as circunstâncias do incêndio.
Lee destacou que as prioridades imediatas são apagar completamente o incêndio, resgatar sobreviventes e prestar apoio aos feridos. A tragédia também traz à tona uma questão que preocupa as autoridades há tempos: a segurança dos andaimes de bambu.
O governo de Hong Kong iniciou em março a substituição gradual dessas estruturas, citando riscos aos trabalhadores. Desde 2019, foram registradas 22 mortes envolvendo esse tipo de andaime. A nova política determina que metade das obras públicas deverá usar estruturas metálicas mais seguras.
O complexo Wang Fuk Court, localizado próximo à fronteira com a China, passa por reformas há aproximadamente um ano, com um investimento estimado em R$ 223 milhões. A tragédia serve como um alerta sombrio sobre a importância dos protocolos de segurança em obras de grande porte e a necessidade de fiscalização rigorosa para prevenir futuras catástrofes.