A família de Ronald José Salvador Montenegro, de 55 anos, recebeu a notícia de seu falecimento por telefone apenas 15 minutos após ele ter saído de casa para treinar. O trabalhador autônomo, praticante de musculação há mais de três décadas, morreu após ser atingido no tórax por uma barra de supino em uma academia de Olinda, no bairro Jardim Atlântico.
Os últimos momentos antes da tragédia
Em entrevista, Albanita Costa, cunhada da vítima e tia de seus filhos, descreveu a sequência de eventos que antecederam o acidente. Ronald havia passado a tarde com os filhos em um shopping, fazendo compras de Natal. Após deixar a filha em casa, ele seguiu para a RW Academia por volta das 19h45.
Cerca de 15 minutos depois, a família começou a receber ligações alarmantes. A confusão inicial se deu porque tanto Ronald quanto um de seus filhos compartilham o mesmo nome, e ambos eram clientes da academia. "Minha sobrinha Milena atendeu uma ligação do personal trainer informando sobre um acidente com Ronald. Ela ficou na dúvida de quem se tratava", contou Albanita.
O atendimento e o desfecho trágico
Após o impacto, Ronald chegou a se levantar, mas desmaiou em seguida, conforme registrado por câmeras de segurança. Ele foi socorrido pelos funcionários do estabelecimento e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Doce.
Ao chegar à UPA, a família foi informada de que os médicos realizavam um procedimento de emergência de alta complexidade. Infelizmente, Ronald não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado na Delegacia de Rio Doce como morte acidental, e o laudo sobre a causa oficial do óbito ainda não foi concluído.
Alertas sobre segurança e a "pegada suicida"
Em suas declarações, Albanita Costa fez um emocionado apelo por mais segurança nas academias. Ela mencionou a existência de suportes de segurança que podem evitar esse tipo de acidente, impedindo que a barra atinja o praticante caso escorregue. "Não queiram só a sua academia lotada, não sobrecarreguem os instrutores", alertou.
Especialistas do Conselho Regional de Educação Física (Cref) da 12ª Região/Pernambuco analisaram as imagens e identificaram que Ronald utilizava uma técnica conhecida como "pegada suicida" ou "false grip". Nela, o polegar não envolve a barra, que fica apoiada apenas nas palmas das mãos e nos outros dedos, o que é considerado inadequado e perigoso pelo presidente do Cref, Lúcio Beltrão.
Posicionamento da academia
Procurada, a RW Academia emitiu uma nota solidarizando-se com a família e classificando o ocorrido como uma fatalidade. A empresa afirmou que:
- A equipe prestou atendimento imediato e acionou socorro especializado.
- O estabelecimento é devidamente registrado no Cref.
- Realiza treinamentos periódicos de primeiros socorros com toda a equipe.
- Há professores formados para atender os alunos em todos os horários de funcionamento.
A família, profundamente abalada, demonstra um sentimento que, nas palavras de Albanita, "transborda amor" e não ódio, enquanto busca entender as circunstâncias da perda de um homem que tinha a musculação como parte de sua rotina há mais de 30 anos.