
A modernização do campo trouxe eficiência, mas também novos riscos. Na última segunda-feira, uma cena de horror se desenrolou numa propriedade rural de Sorriso, no norte mato-grossense. Um trabalhador de 42 anos, cuja identidade ainda não foi divulgada, teve a vida ceifada de maneira brutal - atropelado por uma colheitadeira que funcionava sozinha, no chamado piloto automático.
Segundo informações da Polícia Militar, o equipamento - um verdadeiro gigante de aço - seguia seu curso programado quando o homem, que realizava manutenção próxima à área, foi surpreendido. A máquina simplesmente não parou. Não freou. Seguiu seu caminho como se nada estivesse acontecendo.
O preço do progresso?
Parece ironia do destino. A mesma tecnologia que promete revolucionar a produção agrícola se transformou num instrumento fatal. A vítima trabalhava na lavoura de soja quando o acidente aconteceu, por volta das 16h. Testemunhas disseram que tudo ocorreu rápido demais - um piscar de olhos entre a vida e a morte.
O Corpo de Bombeiros chegou rapidamente, mas já era tarde. O trabalhador não resistiu aos ferimentos. Um silêncio pesado tomou conta da propriedade, quebrando apenas pelo barulho das outras máquinas que continuavam seu trabalho.
Alerta para o setor
Especialistas em segurança do trabalho já vinham alertando sobre os riscos da automação no campo. "Quando você tira o humano do comando, precisa redobrar os protocolos de segurança", comenta um engenheiro agrícola que prefere não se identificar. "É como deixar um carro andando sozinho numa área cheia de gente."
O caso em Sorriso - cidade que é um dos maiores produtores de grãos do país - deve servir como um puxão de orelha para todo o setor. Será que estamos preparados para essa nova realidade? As normas de segurança acompanharam o ritmo da tecnologia?
Enquanto isso, a família do trabalhador chora sua perta. Um homem que saiu de casa para mais um dia de trabalho e não voltou. O caso agora está sob investigação, e a empresa responsável pela máquina deve prestar esclarecimentos. Uma tragédia que deixa marcas profundas e questionamentos ainda mais profundos sobre o futuro da agricultura.