Imagine o desespero. Um barulho ensurdecedor de metal, gritos abafados pela máquina e a luta contra o tempo para não ser tragado por uma engrenagem. Foi assim, na tarde de sexta-feira (29), em Itu, que um funcionário de uma granja viveu um pesadelo real – e quase perdeu a vida da mesma forma que um colega, menos de dois anos atrás.
Segundo testemunhas, o homem, cuja identidade não foi revelada, realizava a manutenção de um moedor de ração quando o impensável aconteceu. Algo deu errado. Sua roupa ficou presa no equipamento, arrastando-o violentamente para dentro do mecanismo. Não foi um acidente silencioso. O que se ouviu foram os gritos de socorro e o esforço frenético de outros trabalhadores para desligar aquele monstro de aço.
Os bombeiros, ao chegarem, se depararam com uma cena de partir o coração. O operário estava ali, preso, mas incrivelmente consciente. A perícia dos salvamentos fez a diferença. Usando equipamentos especiais, conseguiram resgatá-lo após uma operação delicada que durou cerca de 40 minutos – que devem ter parecido uma eternidade.
E sabe qual é a parte mais aterradora dessa história? O déjà vu. Essa mesma granja, localizada no bairro Pedra Branca, já é velha conhecida das autoridades. Em março de 2023, outro trabalhador, o senhor José Carlos de Souza, de 49 anos, não teve a mesma sorte. Ele foi puxado por uma correia de transmissão de um motor e morreu no local. Uma tragédia anunciada que, aparentemente, não serviu de lição suficiente.
A interdição veio rápido. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não perdoou. A máquina envolvida no acidente mais recente e toda a área ao redor foram lacradas. “É assustador ver que uma história quase se repete no mesmo lugar”, comentou um agente fiscal, que preferiu não se identificar. “Isso levanta sérias questões sobre as condições de trabalho oferecidas no local.”
O que diz a empresa?
Bom, tentamos contato com os responsáveis pela granja, mas até o fechamento desta matéria, nenhuma posição formal foi apresentada. O silêncio, neste caso, é mais do que eloquente. Enquanto isso, o trabalhador resgatado foi levado às pressas para o Hospital Estadual de Itu. As informações médicas são escassas, mas sabe-se que ele sofreu ferimentos sérios nos membros superiores e foi submetido a cirurgia. Seu estado é estável, graças a Deus.
O caso agora está nas mãos da Delegacia de Polícia de Itu, que abriu um inquérito para investigar as circunstâncias do acidente. A pergunta que fica, e que não quer calar, é: quantas vidas precisam ser perturbadas, ou pior, perdidas, para que a segurança seja tratada como prioridade máxima, e não como um custo a ser cortado?
Esse tipo de coisa me faz pensar. A gente vive correndo, trabalhando, e acaba confiando que o ambiente onde passamos a maior parte do nosso dia é seguro. Mas e quando não é? A quem recorrer? Fica o alerta, e a torcida para que o operário se recupere totalmente.
