Navio Haidar: Dez Anos no Fundo do Rio com 5 Mil Bois – O Mistério Que Persiste no Pará
Navio Haidar: 10 anos submerso com 5 mil bois

Parece até cena de filme, mas é a pura realidade: um gigante de aço dorme no leito do rio Pará há exatos dez anos. O navio Haidar, que afundou na madrugada de 6 de outubro de 2015 com uma carga que chocou o país – cinco mil bois vivos – continua lá, praticamente intacto, desafiando o tempo e as tentativas de resgate.

O que era para ser uma rotineira viagem de transporte de gado entre os municípios de Breves e Barcarena se transformou numa tragédia anunciada. Dizem que o navio já apresentava problemas estruturais, mas seguiu viagem mesmo assim. Quando a embarcação começou a adernar perto da Ilha do Marajó, o caos se instalou. Cinco mil animais presos num labirinto de metal prestes a mergulhar nas águas escuras.

Uma Operação de Resgate Que Virou um Pesadelo Sem Fim

O que aconteceu depois beira o absurdo. A empresa dona do navio simplesmente... sumiu do mapa. Abandonou o casco e a carga no fundo do rio como se fosse lixo. A Capitania dos Portos tentou, mas esbarrou numa teia burocrática que faria qualquer um perder a paciência.

"É um caso complexíssimo", admite um especialista que prefere não se identificar. "Retirar um navio daquele tamanho, com toda aquela carga em decomposição, exigiria investimentos milionários que ninguém quer bancar."

O Fantasma no Fundo do Rio

Hoje, o Haidar é praticamente um monumento subaquático à negligência. Mergulhadores que já se aventuraram até lá contam que a visão é surreal – o casso praticamente intacto, com vestígios da carga macabra ainda visíveis. E o pior: o risco ambiental permanece.

Os órgãos ambientais monitoram a situação, mas é como enxugar gelo. Sem uma solução definitiva, o navio continua lá, despejando lentamente seus resíduos nas águas que banham comunidades ribeirinhas e um ecossistema frágil.

Moradores mais antigos da região desenvolvem teorias. Alguns juram que em noites de lua cheia é possível ouvir sons estranhos vindo da direção do naufrágio. "São os bois assombrados", diz um pescador, meio brincando, meio sério. A lenda urbana cresce na falta de respostas concretas.

Dez Anos Depois: E Agora?

A pergunta que não quer calar: quanto tempo mais essa situação vai persistir? As autoridades se revezam em promessas, mas o Haidar permanece no mesmo lugar, desafiando não apenas as leis da física, mas também a paciência de quem espera por uma solução.

Enquanto isso, as famílias das vítimas – tanto humanas quanto animais – seguem sem o desfecho que merecem. O caso do Haidar se tornou um símbolo triste de como alguns problemas simplesmente são empurrados com a barriga, esperando que o tempo apague a memória e a urgência.

Mas o rio não esquece. E o navio fantasma no seu leito segue como lembrança silenciosa de que algumas histórias, por mais que tentemos ignorar, simplesmente não afundam.