Nesta quarta-feira (26), a Linha 7-Rubi do sistema ferroviário de São Paulo passa oficialmente para as mãos da iniciativa privada. O consórcio TIC Trens assume integralmente a operação da linha que conecta Palmeiras-Barra Funda a Jundiaí, marcando uma nova fase no transporte sobre trilhos na região metropolitana.
Transição para a operação privada
A TIC Trens já vinha administrando a Linha 7-Rubi de forma assistida desde o final de agosto, quando o contrato de concessão foi assinado. Agora, a operação passa completamente para a responsabilidade do consórcio, que foi o único a apresentar proposta no leilão realizado em fevereiro do ano passado.
O consórcio é formado por duas empresas: o Grupo Comporte, responsável por 60% da operação, e a CRRC Hong Kong, que detém os outros 40%. O Grupo Comporte reúne companhias brasileiras de transporte rodoviário e urbano de passageiros, cargas e turismo, e também administra o metrô de Belo Horizonte e o VLT da Baixada Santista. Já a CRRC é uma empresa chinesa especializada na fabricação de trens.
Mudanças e impactos para passageiros
A Linha 7-Rubi atende 17 estações entre Palmeiras-Barra Funda e Jundiaí, em um trajeto de 57 quilômetros. Atualmente, 30 trens circulam na linha, cada um com oito carros, todos pertencentes à antiga frota da CPTM.
Com a operação assistida iniciada em agosto, chegou ao fim o serviço 710, que integrava as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa e permitia viagens diretas de Jundiaí a Rio Grande da Serra, no ABC. A mudança tem gerado reclamações de passageiros, que agora precisam trocar de trens na estação Barra Funda, que fica completamente abarrotada durante os horários de pico.
Para aliviar o fluxo intenso na estação Barra Funda, a TIC Trens informou que investiu em novas escadas. Eric Nicolau, gerente executivo de operações da concessionária, explicou que haverá ajustes no ponto de parada das linhas para melhorar a circulação.
Investimentos e projetos futuros
A concessão tem prazo de 30 anos e foi concedida à iniciativa privada pela gestão do governador Tarcísio de Freitas em fevereiro de 2024. O investimento previsto no projeto é de R$ 14,2 bilhões.
Além da Linha 7-Rubi, a TIC Trens será responsável pela operação do Trem Intercidades, que vai ligar Campinas à capital paulista. O trajeto terá duração estimada de 64 minutos, com uma parada em Jundiaí. Os trens terão capacidade para até 860 passageiros por viagem e poderão atingir velocidade de até 140 km/h. A passagem deve custar R$ 64.
As obras estão previstas para começar no primeiro semestre do ano que vem, com início da operação em maio de 2031.
Outra linha sob responsabilidade da concessionária será o Trem Intermetropolitano, que vai ligar Jundiaí a Campinas, com paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos. Com capacidade para pouco mais de 2 mil passageiros por viagem, o trajeto será feito em pouco mais de meia hora, com velocidade entre 44 km/h e 80 km/h. A passagem deve custar cerca de R$ 14.
Modernização e acessibilidade
Segundo um levantamento feito pela concessionária, sete estações da Linha 7-Rubi precisam de obras de acessibilidade. Na estação Vila Clarice, por exemplo, há um vão de mais de 30 centímetros entre o trem e a área de embarque, além de plataforma parcialmente descoberta — situação comum fora do centro expandido da capital.
A modernização das estações está prevista para começar a partir de maio do ano que vem, representando um avanço significativo na qualidade do serviço oferecido aos usuários.
Fiscalização e qualidade do serviço
Mesmo com a operação agora 100% sob responsabilidade da TIC Trens, o governo de São Paulo continua responsável pela qualidade do transporte. A fiscalização será feita pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), que vai monitorar os indicadores de qualidade da Linha 7.
Fernanda Rodrigues, representante da agência, explicou que a concessionária tem que atender a esses indicadores. Se não atender, terá dedução nas suas receitas. No início da operação comercial, haverá um prazo de 12 meses em que esses indicadores serão aferidos sem desconto na receita. A partir do 13° mês, se não atingir esses indicadores, haverá desconto direto no quanto a empresa recebe.