Os testes do inovador Bonde Urbano Digital (BUD) começaram oficialmente nesta sexta-feira (28) na Região Metropolitana de Curitiba. O novo modal de transporte fará o trajeto entre Pinhais e Piraquara, marcando um avanço tecnológico para o estado do Paraná, que se torna o primeiro da América do Sul a experimentar esta tecnologia.
Detalhes da operação e capacitação
Segundo a Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep), a expectativa é que o veículo esteja disponível para a população a partir do dia 9 de dezembro. Até lá, serão realizados diversos testes, especialmente no período noturno quando o movimento de veículos é menor.
Gilson Santos, diretor-presidente da Amep, explicou que nos próximos dias serão necessários períodos de testes para verificar o desempenho do veículo, sua entrada e saída tanto no Terminal São Roque quanto no Terminal de Pinhais. Quatro motoristas do sistema metropolitano foram selecionados para aprender a condução deste veículo inovador.
Características técnicas do bonde digital
O Bonde Urbano Digital possui capacidade para transportar até 280 passageiros, com possibilidade de ampliação para 360 pessoas. Atualmente, os ônibus que fazem a linha entre Pinhais e Piraquara transportam aproximadamente 10 mil passageiros por dia, enquanto o maior ônibus em circulação na região metropolitana tem capacidade para 250 pessoas.
A rota percorrida pelo veículo sairá do Terminal de Pinhais, passando pela Avenida Ayrton Senna da Silva e a Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel até chegar ao Terminal São Roque, em Piraquara. O trajeto é direto e possui extensão de cerca de 10 quilômetros.
Tecnologia e sustentabilidade
O BUD opera com um modelo similar ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), porém, ao invés de trilhos físicos, é guiado no asfalto através de indução magnética, criando uma espécie de "trilho virtual". Magnetos são instalados no asfalto a cada um metro para orientar o veículo.
O bonde é 100% elétrico e utiliza baterias de íons de lítio de 600 kWh. A recarga pode ser feita através de dispositivo similar ao instalado no teto de trens e bondes elétricos. Apenas 30 segundos de carga garantem autonomia de três a cinco quilômetros, enquanto uma carga completa, que leva 12 minutos, proporciona até 40 quilômetros de operação contínua.
A velocidade de deslocamento do BUD pode chegar a 70 km/h, oferecendo uma alternativa eficiente e sustentável para o transporte entre as duas cidades.
Integração com o sistema existente
É importante destacar que o bonde não substituirá os ônibus tradicionais, mas servirá como modal complementar para o transporte entre as cidades. O sistema de transporte tradicional continuará operando normalmente durante os testes do BUD.
O valor da passagem será de R$ 5,50, o mesmo cobrado atualmente pelo transporte tradicional na região. Embora o veículo tenha orientação autônoma, todos os testes iniciais serão realizados com motoristas, funcionando sempre com um piloto auxiliar para eventuais intervenções necessárias.
A Amep está estudando, junto com órgãos de regulamentação de trânsito, a possibilidade da atuação do veículo sem um condutor no futuro, o que representaria um avanço ainda maior na automação do transporte público na região.