As obras de recuperação da ferrovia que conecta Bauru a Panorama seguem em ritmo acelerado, com previsão de reativação completa do transporte de cargas para 2028. A concessionária Rumo, responsável pela Malha Paulista, mantém 30 frentes de trabalho ativas ao longo do trecho.
Andamento das obras
Os trabalhos de revitalização tiveram início em junho de 2024 como parte da renovação do contrato da concessionária, que foi estendido por mais 30 anos. A primeira etapa, que incluiu serviços de limpeza e desobstrução das vias, foi finalizada com sucesso em 2023.
Atualmente, a empresa concentra esforços em serviços de limpeza da vegetação e desobstrução da via nos trechos entre Avaí e Gália, além da recuperação e correção de erosões em Bauru, Herculândia e Avaí.
Desafios para a comunidade local
Enquanto as obras avançam, moradores e comerciantes que vivem próximos aos trilhos continuam enfrentando dificuldades diárias. Marcos Valente, encarregado de estoque que trabalha ao lado da linha férrea na Rua Antônio Alves, em Bauru, relata os problemas de acessibilidade.
"É perigoso aqui, tem muita sujeira, o trânsito aqui é forte, e eles fizeram uma reforma aqui na linha do trem, ficou todo irregular aqui, cadeirante vai passar aqui, não consegue passar", explica Valente em entrevista à TV TEM.
A passagem de veículos também é comprometida devido ao solo desnivelado na região dos trilhos, situação que a comunidade reclama há anos.
Modernização necessária
Arnaldo Pitana, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores e Empresas Ferroviárias Paulistas (Sindipaulista), destaca a importância da modernização para adequar a estrutura aos trens atuais.
"Os vagões da época da Fepasa eram 45 toneladas, 60 toneladas. Hoje, os vagões têm 130 toneladas. Os trens-tipo eram 10 vagões, hoje são 135 vagões, com 4 ou 5 locomotivas de 180 toneladas cada trem. Então, essa estrutura que está aí hoje, o lastro da via, não suporta mais esse tipo de trem", explica Pitana.
Jorge Luiz Martinelo, diretor regional do Sindipaulista, reforça que a reativação era aguardada há muito tempo: "A reativação da ferrovia em si, para Bauru e para a região, para o estado todo, é excelente. Precisávamos disso aí há muito tempo, temos condições de ter cargas suficientes para poder escoar".
Iniciativas comunitárias
Enquanto aguardam as melhorias prometidas, alguns moradores assumem a responsabilidade de transformar o entorno da ferrovia. O aposentado Fernando César Rodrigues dedica-se voluntariamente à limpeza, pintura e plantio de mudas nas áreas próximas aos trilhos desde a pandemia.
"Que as pessoas possam passar a frequentar mais o local, gostar do ambiente. Outro objetivo é fazer com que pessoas de outras comunidades sejam tocadas com esse tipo de atividade que eu faço aqui, voluntariamente, de poder desenvolver, criar áreas verdes nas comunidades onde eles moram também", compartilha Rodrigues.
Quando concluída, a ferrovia será utilizada exclusivamente para o transporte de cargas, representando um avanço significativo para a logística e economia regional.
