
Parece brincadeira, mas não é. Enquanto muitos aeroportos pelo mundo afora se preocupam em melhorar a experiência dos passageiros, em Viracopos a especialidade é outra: transformar o estacionamento num verdadeiro campo minado para os motoristas desavisados.
Os números são de deixar qualquer um de queixo caído. Só no primeiro semestre deste ano, pasmem, 1.147 veículos foram rebocados por estacionamento irregular nas redondezas do aeroporto. Uma cifra absurdamente superior à de qualquer outra via da cidade - e olha que Campinas não é exatamente conhecida por suas facilidades de trânsito.
Mas por que diabos tanta apreensão?
O problema, meus amigos, é mais embaixo do que parece. A equação é simples: demanda altíssima por vagas versus oferta ridiculamente insuficiente. Com os estacionamentos oficiais operando no limite - e cobrando preços que doem no bolso - muitos motoristas acabam optando por alternativas... digamos, criativas.
E aí começa o problema. Estacionar em faixas azuis, vagas de idosos, ou simplesmente parar onde não deveria virou quase um esporte radical na região do aeroporto. A fiscalização, claro, não perdoa. E os guinchos trabalham feito formiguinhas, dia e noite.
O que dizem as autoridades?
Bom, segundo a Secretaria de Transportes, a operação é necessária para manter a fluidez do tráfego e garantir a segurança de todos. Mas convenhamos: quando quase mil e duzentos carros são levados embora em seis meses, talvez - só talvez - o problema não seja apenas a "má-fé" dos motoristas.
É aquela velha história: entre a cruz e a espada, o motorista sempre se ferra. Chega atrasado para buscar alguém no desembarque? Multa. Para por dois minutos para não perder o voo? Guincho. Desespero para encontrar uma vaga que não custe um rim? Azar o seu.
E não adianta reclamar depois. O processo para recuperar o veículo apreendido é tão burocrático quanto esperado: tem que ir até o pátio, pagar a multa (que varia entre R$ 293,47 por estacionamento irregular e vai até R$ 880,41 por obstruir o trânsito), mais as despesas de reboque e diária. Um belo preço para pagar pela pressa.
Enquanto isso, nas outras vias de Campinas, a situação é bem diferente. A Avenida John Boyd Dunlop, segunda no ranking de apreensões, registrou 554 veículos rebocados - menos da metade! E olha que estamos falando de uma das avenidas mais movimentadas da cidade.
Parece que Viracopos realmente levou a sério demais o ditado "a ocasião faz o ladrão" - só que aqui, no lugar do ladrão, entram motoristas desesperados e, no lugar da ocasião, uma infraestrutura que deixa muito a desejar.
Fica a dica: se for a Viracopos, melhor chegar com horas de antecedência ou preparar o bolso. Porque nesse jogo, a casa sempre ganha.