Sobrevivente de Tragédia na BR-153 Revela o Peso de Seguir Vivo Após Morte de Três Amigos
Sobrevivente de tragédia na BR-153 revela dor e superação

O coração parece parar quando ele lembra. São flashes que voltam sem pedir licença — o barulho ensurdecedor do metal se contorcendo, os vidros estilhaçados como cristais lançados ao vento, e depois... um silêncio que doía mais que qualquer ferida.

"Às vezes acordo no meio da noite achando que ainda estou lá", confessa o jovem, cujo nome preservamos por questões óbvias. A gente até tenta seguir em frente, mas certas memórias te seguem como sombras teimosas.

O dia que mudou tudo

Era uma terça-feira aparentemente comum, dessas que começam sem grandes promessas. Os quatro amigos seguiam pela BR-153, próximo a Inhumas, conversando sobre planos futuros — quem diria que para três deles, o futuro simplesmente não existiria mais?

O acidente foi rápido e brutal. Em questão de segundos, vidas promissoras se transformaram em estatísticas tristes nas páginas policiais. E ele, o único sobrevivente, carrega não apenas as cicatrizes físicas, mas aquelas que ninguém vê.

Além dos hospitais e processos

Enquanto o corpo se recuperava nos corredores hospitalares, a mente travava batalhas muito mais complexas. "Cada notificação judicial é como reabrir uma ferida que mal começou a cicatrizar", desabafa. São depoimentos, reconhecimentos, burocracias que parecem não entender a dor por trás dos papéis.

E tem a culpa do sobrevivente — aquela pergunta que ecoa nos momentos de silêncio: "por que eu?"

O caminho da recuperação

Apoio psicológico virou necessidade, não opção. "Aprendi que trauma não é fraqueza, é ferida que precisa de cuidados especiais", reflete. A estrada da recuperação mental, ele descobriu, é muito mais sinuosa que qualquer BR.

Familiares das vítimas, num gesto que surpreendeu até os mais céticos, ofereceram solidariedade em vez de acusações. "Eles me abraçaram como se eu fosse deles também", lembra com voz embargada. Humanidade em seu estado mais puro, brotando no solo mais árido.

Um alerta que vai além das estatísticas

p>Enquanto números frios alimentam planilhas oficiais, histórias como esta nos lembram que por trás de cada porcentagem há sonhos interrompidos, famílias despedaçadas e sobreviventes condenados a carregar memórias pesadas.

"Se minha experiência servir para que alguém pense duas vezes antes de pegar a estrada, já valeu", finaliza, com aquela mistura de resignação e esperança que só quem enfrentou o pior consegue entender.

O trânsito, no fim das contas, não é sobre carros e sim sobre pessoas. E algumas lições, infelizmente, chegam tarde demais para alguns.