Tragédia na Serra da Barriga: 1 ano sem respostas para acidente que matou 20
Acidente na Serra da Barriga completa 1 ano com 20 mortos

Um ano de luto e saudade na Serra da Barriga

Completou-se nesta sexta-feira, 24 de novembro, exatamente um ano da tragédia que chocou Alagoas e todo o Brasil. Um acidente envolvendo um ônibus na Serra da Barriga, em União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana, resultou na morte de 20 pessoas e deixou outras 20 feridas.

O dia da tragédia

O veículo transportava 48 passageiros com destino ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares para participar de um evento cultural. Durante a descida da serra, o ônibus ficou desgovernado e desceu de ré, culminando em uma queda devastadora em uma ribanceira. O veículo parou aproximadamente 200 metros abaixo do local inicial do acidente.

Entre as vítimas fatais estavam pessoas com idades que variavam de 5 a 84 anos, incluindo o próprio motorista do veículo. A diversidade de idades mostra como a tragédia atingiu diferentes gerações de uma só vez, deixando marcas profundas em múltiplas famílias.

Resgate complexo e investigações

O trabalho de resgate contou com uma força-tarefa impressionante. Moradores locais, guardas municipais, servidores da prefeitura, Corpo de Bombeiros e apoio aéreo uniram esforços para prestar socorro às vítimas em um terreno de difícil acesso.

A complexidade do local foi tamanha que a remoção do ônibus, que precisou ser cortado em duas partes, levou sete meses para ser concluída. A perícia técnica só foi finalizada quase oito meses após o acidente, revelando informações cruciais sobre as causas.

O laudo pericial descartou completamente qualquer tipo de falha mecânica nos freios do veículo. A conclusão dos especialistas apontou para a possível falta de habilidade do motorista em conduzir o ônibus naquelas condições específicas da serra.

Famílias seguem sofrendo

Apesar das investigações, o inquérito policial foi encerrado sem apontar responsáveis pelo ocorrido, e o processo criminal acabou extinto. Esta falta de respostas jurídicas aumentou a dor das famílias que perderam entes queridos.

Dona Sol, que perdeu o marido na tragédia, revela que ainda enfrenta sérias consequências emocionais. "Preciso de acompanhamento psiquiátrico e psicológico constante para lidar com o impacto desta perda", compartilha a viúva, representando o sofrimento de dezenas de outras famílias.

O estudante Narlison Oliveira, que estava no ônibus e foi arremessado durante a queda, sofreu lesões graves no tornozelo e na coluna. Mas suas feridas físicas são apenas parte do trauma. "Perdi minha melhor amiga e outros dois membros do nosso grupo. Estou tentando aprender a conviver com esta ausência que dói todos os dias", desabafa o jovem.

Mudanças na segurança

Como consequência direta da tragédia, os ônibus estão agora proibidos de subir até o topo da Serra da Barriga. Placas de sinalização orientam os visitantes a fazerem a troca de transporte, utilizando vans ou carros menores do ponto de acesso até o platô final.

A prefeitura de União dos Palmares informou que mantém programas de assistência às famílias das vítimas, tanto das que faleceram quanto das que sobreviveram com sequelas físicas e emocionais.

Um ano depois, a Serra da Barriga, local historicamente significativo por abrigar o Quilombo dos Palmares, carrega agora uma nova memória - uma das mais tristes páginas da história recente de Alagoas, onde 20 vidas foram interrompidas abruptamente e muitas outras transformadas para sempre.