Patinetes em SP crescem 12 vezes em 1 ano e criam congestionamento em ciclovias
Patinetes em SP aumentam 12 vezes e congestionam ciclovias

A cidade de São Paulo testemunhou uma explosão no número de patinetes elétricos disponíveis para aluguel em seu território. Em apenas um ano, a frota saltou de 600 para 7.081 unidades, o que representa um crescimento de quase 12 vezes no período. Esse fenômeno, no entanto, está gerando um novo tipo de desafio para a mobilidade urbana: o congestionamento nas ciclovias durante os horários de maior movimento.

Um novo cenário nos horários de pico

O equipamento, que divide os espaços com bicicletas e outros veículos elétricos, deve circular apenas em ciclovias, ciclofaixas e vias com limite de velocidade de até 40 km/h, conforme a legislação municipal. É proibido o uso por menores de 18 anos ou com passageiros. Com a popularização, locais como a ciclovia na Avenida Hélio Pelegrino com a Avenida Santo Amaro ficam completamente lotados quando o semáforo fecha no rush.

Para muitos paulistanos, a mudança já é uma realidade. O bancário Gabriel Mota Kawaguti abandonou o carro, vendeu o veículo, comprou uma bicicleta e não precisou mais do automóvel. Já Giovani Toschi adotou o patinete alugado para ir ao trabalho todos os dias. "Sai mais barato que comprar uma bike elétrica e chega muito rápido", afirma Toschi, que gasta cerca de R$ 18 por dia. "Sempre vinha de carro e demorava 40, 50 minutos. Agora, demoro 18, 20 minutos."

Política pública colhe frutos e demanda expansão

Segundo Sérgio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Insper, a migração em massa para as ciclovias e ciclofaixas é resultado direto de uma política pública implementada há uma década, mas que agora precisa ser ampliada. "A prefeitura iniciou um grande programa de implantação de ciclovias e hoje colhemos os frutos do programa, tendo espaço seguro e acolhedor", analisa.

Avelleda destaca que as pessoas estão descobrindo as vantagens da micromobilidade ou mobilidade ativa. "Você não precisa ter um preparo físico tão bom e não chega tão suado no trabalho. Os veículos elétricos ajudam a ampliar esse tipo de mobilidade. Eles são aliados para ampliar o uso de uma mobilidade mais sustentável", comenta o especialista.

A primeira empresa de aluguel de patinetes começou a operar na capital em dezembro de 2024, com 600 unidades. Atualmente, as duas empresas que atuam no setor em São Paulo estão presentes em 31 cidades de 12 estados brasileiros.

Infraestrutura cicloviária e planos futuros

A Prefeitura de São Paulo informa que a cidade possui a maior malha cicloviária do país, com 778 km de vias com tratamento permanente para ciclistas. Desse total, 743,3 km são de ciclovias ou ciclofaixas e 34,7 km são ciclorrotas.

O Plano Cicloviário paulistano tem como meta atingir 1.000 km de malha até 2028, conforme estabelecido na meta 44 do Programa de Metas Municipal. Diversas vias estão em estudo para receber nova infraestrutura. Atualmente, estão em construção ciclovias em importantes avenidas, como:

  • Av. Salim Farah Maluf, entre a Rua Ulisses Cruz e a Av. Regente Feijó
  • Rua e Viaduto Capitão Pacheco e Chaves, entre a Avenida do Estado e a Rua Coelho Neto
  • Avenida Queiroz Filho, entre a Praça Apecatu e a Rua Cerro Corá
  • Avenida Santa Inês

O crescimento vertiginoso dos patinetes elétricos em São Paulo evidencia uma transformação profunda nos hábitos de deslocamento dos paulistanos. O sucesso da iniciativa, porém, traz à tona a necessidade urgente de expandir a infraestrutura dedicada para acomodar de forma segura e eficiente essa nova onda da mobilidade urbana sustentável.