
Era pouco depois das 8h da manhã quando o barulho de metal se chocando ecoou pela Avenida Efigênio Sales. Um daqueles sons que fazem qualquer um estremecer. No asfalto ainda úmido — porque sim, até em Manaus faz frio de manhã —, uma motocicleta jazia destruída, seu condutor sem vida ao lado.
A famigerada 'Curva da Morte' — apelido que não é exagero — havia cobrado mais uma vítima. Segundo testemunhas, o motociclista, ainda não identificado, perdeu o controle da moto na curva acentuada. "Foi rápido demais, parecia que a moto simplesmente decolou", contou um vendedor ambulante que preferiu não se identificar.
O cenário do acidente
A cena era caótica. Pedaços de plástico e metal espalhados por dezenas de metros. O capacete — sim, ele usava — rolou até a calçada oposta. Um detalhe que chama atenção: a moto era nova, quase sem marcas de uso. Ironia cruel.
Os bombeiros chegaram em 12 minutos (incrivelmente rápido para o trânsito de Manaus). Mas já era tarde. "Quando a gente viu o estado da moto, sabia que as chances eram mínimas", admitiu um socorrista, visivelmente abalado.
Por que tantos acidentes?
- Curva mal projetada — parece ter sido desenhada por quem nunca dirigiu
- Falta de sinalização adequada (aquela placa enferrujada não conta)
- Excesso de velocidade — todo mundo acha que é piloto até o dia que não é mais
- Asfalto que vira pista de patinação quando chove
Moradores reclamam há anos. "Todo mês tem acidente aqui", diz Dona Maria, que vive há 20 anos num prédio com vista para a curva. "Já vi tanta coisa que nem me assusto mais." E esse é justamente o problema — a normalização do perigo.
Enquanto isso, a CET-AM promete (de novo) estudar medidas. Enquanto estudam, a curva continua a merecer seu apelido sinistro. Quantas vidas serão perdidas antes que algo mude? A pergunta fica no ar, tão pesada quanto o silêncio que se seguiu ao acidente.