
O coração da pequena cidade parou por um instante nesta sexta-feira (26). Uma notícia que ninguém quer receber — aquela que chega como um soco no estômago e demora a ser digerida. Maria Eduarda, 12 anos, aluna do 7º ano, não voltará mais para casa depois do passeio escolar.
A BR-470, que corta Santa Catarina como uma cicatriz asfáltica, virou palco de mais uma tragédia anunciada. O ônibus que levava crianças para uma excursão pedagógica colidiu frontalmente com um caminhão carregado de madeira. O estrago? Dá pra imaginar.
"Era nossa estrelinha"
Na escola municipal onde estudava, o clima é de despedida precoce. "Ela tinha um sorriso que iluminava a sala — desses que a gente guarda na memória", conta a professora de português, com a voz embargada. Os colegas fizeram cartazes coloridos: "Vai brilhar no céu, Duda!".
Detalhes que cortam:
- Sempre a primeira a ajudar os amigos com as lições
- Organizava os livros da biblioteca voluntariamente
- Sonhava em ser veterinária para "curar bichinhos doentes"
Rodovia da morte?
A BR-470 não perdoa — e os números provam. Só este ano, 37 vidas se foram nesse trecho perigoso entre Blumenau e Gaspar. Curvas cegas, ultrapassagens arriscadas e sinalização precária formam o coquetel explosivo.
"É sempre a mesma história: acidente, comoção, promessas de melhorias... e depois?", questiona um morador enquanto acende velas no acostamento. O departamento de trânsito prometeu "análise técnica", mas as famílias querem sangue — no sentido figurado, claro.
O que muda agora?
Enquanto isso, na escola:
- Psicólogos foram acionados para acompanhar os alunos
- Uma corrente de oração será realizada no pátio
- A diretora prometeu pressionar as autoridades por melhorias na segurança viária
No meio de tantas estatísticas frias, fica a lição mais dura: às vezes, a vida nos ensina coisas que nenhum livro didático conseguiria. E o preço desse aprendizado? Incalculável.