Um grave acidente na Rodovia Zeferino Vaz, em Campinas, resultou na morte de duas pessoas nesta quinta-feira. O sinistro levou à interdição total da rodovia, causando transtornos no tráfego da região. As imagens do local, registradas pela EPTV, mostram a gravidade da colisão.
Análise dos horários de risco em Campinas
Um estudo detalhado com base no Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito de São Paulo (Infosiga-SP) revela os momentos mais críticos para os condutores em Campinas. Os dados dos últimos doze meses, de dezembro de 2024 a novembro de 2025, mostram uma concentração de acidentes nos horários de pico da manhã e do início da noite.
No total, foram registrados 2.646 acidentes em vias urbanas e rodovias da metrópole no período, com 129 casos fatais. Em números absolutos, o fim da tarde e o começo da noite, entre 16h e 19h, são os mais letais, somando 40 vítimas.
Madrugada: o horário de maior letalidade
Apesar do menor volume de ocorrências após as 23h, é na madrugada que a probabilidade de um acidente ser fatal dispara. A faixa das 4h da manhã é a mais perigosa: das 45 ocorrências registradas, 8 terminaram em morte, uma taxa de letalidade de 17,7%.
O especialista em segurança no trânsito, Marcus Romaro, explica o fenômeno. "No horário de madrugada, geralmente no período entre quinta e sábado, normalmente envolve pessoas que foram para a balada, que estão cansadas, beberam, exageram na velocidade. Como não tem ninguém na pista, dá aquela sensação de liberdade", analisa. Ele reforça que a imperícia dos condutores, agravada pelo cansaço e álcool, é um fator decisivo para a alta letalidade.
Álcool supera velocidade como principal fator de risco
Uma análise do Comitê Intersetorial Programa Vida no Trânsito, da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), traz um alerta sobre os motivos dos acidentes fatais. Entre 43 casos revisados em 2025 em vias urbanas, a combinação de álcool e direção aparece como o fator que mais mata, à frente do excesso de velocidade.
Confira o ranking dos principais fatores de risco em acidentes fatais urbanos em Campinas em 2025:
- Álcool associado à direção: 15 casos (34,8% do total analisado)
- Velocidade excessiva ou inadequada: 14 casos
- Comportamento do pedestre: 9 casos
- Desrespeito à sinalização: 5 casos
- Transitar em local proibido: 4 casos
Para combater esse problema, a Emdec e a Guarda Municipal realizam a "Operação pela Vida", com foco na identificação de alcoolemia nos condutores por meio de bafômetros. Dirigir sob influência de álcool é infração gravíssima, com multa de R$ 2.934,70, suspensão da CNH por 12 meses e retenção do veículo.
Perigo perto de casa: os acidentes do cotidiano
Romaro também chama a atenção para os horários de maior volume de sinistros, como às 7h (192 ocorrências) e entre 18h e 19h (195 e 187 ocorrências, respectivamente). Segundo ele, a maioria dos acidentes acontece até 15 minutos da porta de casa ou do trabalho.
"A gente está concentrado para chegar em algum lugar, e quando está chegando perto, acaba relaxando um pouco, a sensação do 'já cheguei'. Ou a gente ainda está levantando, acordando, para sair, e ainda se sente dentro de casa, e não presta a devida atenção", pontua o especialista. A soma de tráfego intenso, pressa, cansaço e desatenção justifica o alto número de colisões nesses momentos, que felizmente têm menor taxa de letalidade por ocorrerem em velocidades mais baixas.
O crescimento de acidentes a partir das 16h, segundo Romaro, reflete um conflito de interesses nas ruas, com pessoas saindo do trabalho, indo a comércios ou passeios, todas compartilhando o mesmo espaço com habilidades e urgências diferentes. Condições como o escurecer mais cedo no inverno e o uso incorreto dos faróis altos também contribuem para o aumento do risco neste período.