
Era pra ser mais um dia normal. O tipo de sexta-feira que começa com café forte e termina com planos pro fim de semana. Só que não terminou assim. Não para o advogado Matheus Guerra, de 24 anos. A vida dele foi interrompida de forma brutal, absurdamente violenta, num trecho da Rodovia Washington Luís. Um caminhão—aquele monstro de aço que deveria transportar carga, não ceifar vidas—prensou o carro dele. E o motorista do caminhão? Bom, esse estava com os olhos fechados. Cochilando. Sim, você leu direito.
Matheus não era só mais um número nas estatísticas de trânsito. A história dele é daquelas que cortam o coração. Enquanto muita gente da idade dele curtia balada ou dependia dos pais, ele pegou no pesado. Trabalhou como chapeiro—isso mesmo, na chapa quente, virando hambúrguer e batendo linguiça—para pagar a faculdade de direito. "Ele era muito batalhador, sempre correu atrás", contou o tio, Edson Carlos, a voz embargada por uma dor que nenhuma palavra pode traduzir.
O Pesadelo na Estrada
O acidente aconteceu por volta das 14h de quinta-feira (21), mas os detalhes são de arrepiar. A Polícia Militar Rodoviária chegou ao local e encontrou uma cena de horror. O carro de Matheus, um Fiat Mobi, totalmente destruído. Amassado como se fosse de papel. E o motorista do caminhão, um homem de 56 anos, ainda no local—e flagrado num estado inacreditável: com sinais evidentes de que estava dormindo no momento da colisão.
Não foi uma falha mecânica. Não foi o pneu que estourou. Foi, simplesmente, um homem que escolheu dirigir com sono. Uma decisão—ou falta de—que custou uma vida promissora. O motorista foi levado pra delegacia, e agora responde por homicídio culposo no trânsito. Mas, convenhamos, isso é um consolo muito magro para uma família que perdeu um filho, um irmão, um futuro.
Uma Vida por Trás do Avental
Matheus se formou fazia pouco tempo. Mal tinha começado a colher os frutos de tanto suor. Trabalhava num escritório advocatício em Mirassol, interior de São Paulo, construindo a carreira com a mesma determinação que usou pra virar chapeiro. Ele era a prova viva de que trabalho duro vale a pena. Até que o descuido alheio apagou essa chama.
O que mais custa é a sensação de que isso era totalmente evitável. Dá uma raiva, sabe? Um misto de indignação e tristeza profunda. Quantos mais vão precisar morrer porque alguém resolveu dirigir com sono, pegar o celular, ou achar que é invencível no asfalto?
O corpo de Matheus foi velado no cemitério Parque da Paz, em São José do Rio Preto. A cidade, que deveria estar celebrando mais um profissional talentoso, agora chora mais uma vida perdida no trânsito. Uma história que deveria ser de inspiração, mas que virou alerta. Um alerta mudo e doloroso sobre as escolhas que fazemos—ou deixamos de fazer—quando estamos atrás do volante.