Acre registra 76 mortes no trânsito em 2025; relembre histórias das vítimas
76 mortes no trânsito do Acre em 2025: uma retrospectiva trágica

O ano de 2025 foi marcado por uma sequência de tragédias nas ruas e estradas do Acre. Dados exclusivos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AC), obtidos a pedido do g1, revelam um cenário alarmante: 76 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito entre janeiro e novembro. Desse total, 32 óbitos, o equivalente a 42%, ocorreram na capital, Rio Branco. No período, o estado registrou a impressionante cifra de 4.116 acidentes, com 2.873 deles concentrados na capital.

Os meses mais críticos e o perfil das vítimas

Setembro emergiu como o mês mais sombrio, com 12 mortes registradas. Agosto ficou em segundo lugar, com nove vítimas fatais. A retrospectiva preparada pelo g1 reúne histórias de vidas interrompidas de forma abrupta, incluindo casos ocorridos em dezembro que ainda não entraram para as estatísticas oficiais. As vítimas formam um mosaico triste da sociedade acreana: crianças, jovens profissionais, pais e mães de família, trabalhadores e idosos.

Os números frios do Detran ganham rosto e história em cada caso. Em Mâncio Lima, no dia 10 de janeiro, a jovem Maria de Fátima Bezerra da Silva, de 22 anos, não resistiu aos ferimentos após a moto em que estava na garupa colidir com um caminhão estacionado. O condutor, José Lima de Queiroz, de 55 anos, teve o braço arrancado no impacto.

Casos que chocaram o estado

Alguns episódios tiveram grande repercussão pela gravidade ou pelas circunstâncias. No dia 17 de abril, na Via Verde, em Rio Branco, uma tragédia múltipla ceifou três vidas. O motorista Talysson Duarte invadiu a pista contrária e atingiu três motocicletas. Macio Pinheiro da Silva, Carpegiane Lopes e Fábio Farias de Lima morreram no local. A única sobrevivente, Raiane Xavier, de 30 anos, sofreu um corte profundo na perna. O motorista foi indiciado por homicídio culposo.

Outro caso que comoveu a população foi o da bióloga Jéssica Souza dos Santos, de 33 anos, morta no dia 19 de julho em Cruzeiro do Sul. Ela teve o pescoço atingido por uma linha com cerol enquanto pilotava sua moto. A polícia identificou, em outubro, um jovem de aproximadamente 20 anos como dono da linha.

O trânsito também mostrou sua face mais cruel com as crianças. No dia 21 de setembro, Valentina Rebeca da Silva, de 3 anos, e Arthur Miguel Silva Maciel, de 5, morreram na Estrada Transacreana, em Rio Branco. O padrasto, Juciclei da Silva do Carmo, de 25 anos, perdeu o controle da moto após um pneu estourar, colidindo contra um poste. A mãe das crianças também estava no veículo.

Fatores de risco e consequências

A análise dos casos revela fatores de risco recorrentes: excesso de velocidade, condução sob influência de álcool, desrespeito às normas de trânsito e a vulnerabilidade de motociclistas e ciclistas. No dia 1º de abril, o biomédico Gabriel Barros de Lima, de 26 anos, morreu em Rio Branco após ser atingido por um caminhão. O motorista do caminhão havia ingerido bebida alcoólica.

Em julho, o motoboy Jocimar Silva Bedoni, de 43 anos, foi atropelado e morto por um estudante de medicina que dirigia em alta velocidade. O estudante teve a prisão preventiva decretada. Já em setembro, em Sena Madureira, dois jovens, Márcio Farias Filho, de 16 anos, e Maicon Diego Lopes de Lemos, de 18, morreram após um adolescente de 17 anos, sem carteira de habilitação e embriagado, pegar o carro do pai escondido e bater em uma caminhonete.

Até profissionais do esporte e da segurança não foram poupados. O árbitro Ruan Rhiley Rodrigues Santos, de 23 anos, morreu em 8 de novembro após uma colisão frontal com uma caminhonete que invadiu a contramão na rodovia AC-10. O segundo sargento da PM-AC Edson Barros de Oliveira, de 46 anos, faleceu em 12 de dezembro ao colidir com um caminhão parado na BR-317.

As histórias se repetem com uma triste constância: a técnica de enfermagem Rakel Cristina Muniz de Lima, de 49 anos, encontrada morta na Via Verde; o ciclista Raimundo Moura da Silva, de 51 anos, cuja cadela ficou ao lado do corpo até a chegada da polícia; e o idoso Felipe Berkembrock, de 75 anos, vítima de uma colisão entre motos em Brasiléia.

Um alerta para a sociedade

Os 76 óbitos representam mais do que um número estatístico. São famílias despedaçadas, sonhos interrompidos e um custo social imensurável. A retrospectiva de 2025 serve como um alerta urgente para a necessidade de medidas mais efetivas de educação, engenharia de tráfego e fiscalização no estado do Acre. Cada vida perdida nas estradas e ruas acreanas é uma tragédia que poderia, em muitos casos, ter sido evitada.