
Uma transação envolvendo a aquisição de armamentos pelo governo de Alagoas está gerando intenso debate nos círculos políticos e de segurança pública. Documentos obtidos pela CNN Brasil revelam que o estado pagou o dobro do valor oferecido pelo governo federal para a compra dos mesmos modelos de fuzis.
Os Números da Polêmica
Enquanto o Ministério da Justiça oferecia fuzis AR-15 por R$ 13,4 mil por unidade, o governo alagoano optou por adquirir as armas diretamente da empresa Forjas Taurus por R$ 26,8 mil cada - exatamente o dobro do valor federal.
A compra, realizada através de um pregão eletrônico em setembro, totalizou R$ 2,1 milhões para 78 fuzis que teriam custado aproximadamente R$ 1 milhão pela via federal.
Justificativas e Questionamentos
O governo Paulo Dantas (PSDB) defende a decisão alegando que a negociação direta com a Taurus garantiria entrega mais rápida das armas, essencial para o combate imediato ao crime organizado. Segundo a administração estadual, o processo federal demandaria mais tempo.
Entretanto, especialistas em licitações questionam a disparidade de valores. "Uma diferença de 100% no valor unitário é significativa e merece explicações detalhadas sobre a urgência que justificaria esse sobrepreço", analisa um consultor em contratos públicos.
O Contexto da Segurança em Alagoas
A aquisição ocorre em um momento delicado para a segurança pública no estado, que enfrenta crescente violência e ações de facções criminosas. As armas seriam destinadas ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), unidade de elite da Polícia Militar.
O governo federal, através do Ministério da Justiça, mantém seu programa de repasse de armamentos para estados, com preços negociados em larga escala que, em tese, deveriam ser mais vantajosos.
Transparência e Fiscalização
A transação já desperta a atenção de órgãos de controle, que devem analisar a conformidade do processo licitatório e a razoabilidade dos preços pagos com recursos públicos.
Enquanto isso, a população aguarda explicações mais detalhadas sobre uma decisão que impacta não apenas os cofres estaduais, mas toda a estratégia de segurança pública em Alagoas.