
Parece que o Japão finalmente decidiu encarar de frente um problema que todos nós sabemos que existe, mas fingimos ignorar enquanto rolamos mais uma vez o feed das redes sociais. A pequena cidade de Yahaba, lá no norte do país, deu um passo que muitos considerariam radical - e outros, absolutamente necessário.
Imagine só: no máximo duas horas por dia diante de telas. Dois míseros - ou generosos, dependendo do seu ponto de vista - horas para fazer tudo: trabalhar, estudar, se divertir, se conectar. A prefeitura aprovou uma legislação local que basicamente coloca um freio nessa corrida digital desenfreada que virou nossa realidade.
Não é só papo furado - tem força de lei
A coisa é séria, gente. Aprovada por unanimidade pela assembleia municipal no último dia 30 de setembro, essa não é apenas uma recomendação bonitinha. É uma norma com peso de lei, ainda que - e isso é importante destacar - não prevê multas para quem descumprir. Mas o simbolismo é poderoso, não acham?
O que me faz pensar: será que precisamos mesmo de leis para nos fazer lembrar do que é viver offline? Parece que sim.
Quem precisa seguir as regras?
Ah, e não adianta tentar dar uma de esperto. A lei é bem abrangente:
- Crianças e adolescentes até 18 anos - esses têm mesmo que seguir à risca as duas horas diárias
- Adultos - aqui a coisa flexibiliza um pouco, mas a recomendação é clara: no máximo 4 horas por dia
E não é só smartphone, não. A regra vale para computadores, tablets, videogames - basicamente qualquer coisa com tela que não seja a velha e boa televisão (essa escapou, curiosamente).
O que está por trás dessa decisão?
Os motivos que levaram a essa medida são, vamos combinar, mais do que compreensíveis. Os legisladores municipais apontaram problemas que qualquer um de nós reconhece:
- Aquela dependência chata que faz a gente checar o celular a cada cinco minutos
- O impacto na saúde física - porque ficar curvado sobre uma tela o dia todo não faz bem pra coluna de ninguém
- Os prejuízos no desenvolvimento das crianças - isso é particularmente preocupante
- E, claro, o isolamento social que paradoxalmente as tecnologias de conexão podem causar
Não é ironia demais? Criamos dispositivos para nos conectar e acabamos nos desconectando do mundo real.
E como a população está reagindo?
Bom, como era de se esperar, as opiniões estão divididas. Tem quem ache a medida absolutamente necessária e quem considere uma intromissão exagerada do poder público na vida privada. Mas o governo municipal não está nem aí - pra eles, a saúde e o bem-estar da comunidade vêm em primeiro lugar.
E sabe qual é a parte mais interessante? Yahaba não é nenhuma metrópole tecnológica. É uma cidade de aproximadamente 27 mil habitantes, onde a vida já é naturalmente mais tranquila. Se lá precisaram tomar essa medida, imagina nas grandes cidades?
Fico pensando se o Brasil algum dia chegará a discutir algo assim. Com nosso vício em redes sociais e aplicativos de mensagem, talvez fosse até necessário. Mas convenhamos: dois horas por dia? Mal dá tempo de responder todas as mensagens do WhatsApp!
O fato é que Yahaba está fazendo um experimento social fascinante. Resta saber se outras cidades - no Japão e pelo mundo - terão coragem de seguir o exemplo. Enquanto isso, vou ali verificar minhas notificações... só mais essa vez.