Um professor brasileiro conquistou reconhecimento internacional ao ter sua fotografia da nebulosa ETA Carinae selecionada para o prestigiado livro "Fotógrafo de Astronomia do Ano", publicado pelo Observatório Real de Greenwich, na Inglaterra.
O registro que cruzou fronteiras
Marcelo Adorna Fernandes, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fez história ao ser o único brasileiro selecionado no concurso internacional que recebeu 5,8 mil fotografias de 68 países diferentes. Sua imagem da nebulosa ETA Carinae foi uma das 140 escolhidas para compor a publicação e atualmente está exposta no Museu Marítimo Nacional em Greenwich.
"Quase 6 mil fotos foram enviadas a eles. Fiquei estarrecido em saber que a gente tem potencial para desenvolver muita coisa nesse Brasil", comemorou Fernandes, visivelmente emocionado com o reconhecimento.
O observatório caseiro que virou referência
A paixão pela astronomia começou na infância e se transformou em um observatório profissional montado no quintal de casa. Batizado de 'Kronos', o espaço conta com teto retrátil e dois telescópios, sendo que um deles foi construído pelo próprio professor durante sua adolescência usando materiais recicláveis.
"A astronomia veio como um hobbie. Sempre gostei de olhar para o céu. Desde criança eu ficava deitado no quintal olhando as estrelas cadentes e os meteoros", relembra Fernandes. "Desde criança eu tive uma curiosidade pelo passado. E olhar as estrelas é ver o passado", reflete o professor.
Tecnologia e persistência para capturar o céu
A rotina do professor exige muita disciplina: durante o dia, ele ministra aulas na UFSCar, e à noite se dedica à captura de imagens astronômicas. "Eu começo logo após o pôr do Sol e vou até o nascer do Sol. O problema é levantar no dia seguinte para dar aula", brinca.
O processo de captura envolve um telescópio monocromático que requer colorização digital posterior das imagens. Além do equipamento, Fernandes realiza um estudo detalhado das condições climáticas antes de cada sessão fotográfica.
"A gente faz um estudo antecipado durante o dia, para ver o que seria interessante fotografar durante a noite. Temos que levar em consideração, também, o vento, porque ele atrapalha muito. Se estiver nublado, não dá para fazer a foto", explica o especialista.
Dicas para iniciantes na astronomia
Para quem deseja começar na astronomia amadora, Fernandes garante que não é necessário equipamento caro. Celulares com função de fotografia noturna podem capturar boas imagens do céu, desde que utilizados longe da poluição luminosa das cidades.
"Você botar aqueles celulares que conseguem controlar o tempo por até 30 segundos, e deixar ele apontado para o céu escuro, longe das luzes da cidade, dá para ter uma imagem legal da Via Láctea", orienta o professor.
As nebulosas, como a ETA Carinae registrada por Fernandes, são nuvens gigantes de poeira cósmica e gás que se formam tanto a partir da morte de estrelas quanto em regiões onde novas estrelas estão nascendo.