Quem disse que a vida desacelera depois dos 60? Maria Aparecida Ferreira, uma rio-pretense de 64 anos, está provando exatamente o contrário — e de uma maneira que faria qualquer aventureiro de plantão corar de inveja.
Enquanto muita gente na sua idade pensa em descansar, dona Cida — como é carinhosamente chamada — decidiu que sua aposentadoria seria tudo menos convencional. E pegou a estrada. Ou melhor, as estradas do mundo inteiro.
Do interior paulista para o mundo
Tudo começou de forma bastante modesta, sabe? Aquela vontadezinha de ver o que tinha além do horizonte familiar. Mas o que era para ser uma viagem curta transformou-se numa paixão que já levou essa corajosa senhora por nada menos que 31 países diferentes — todos percorridos sobre duas rodas.
"No começo, meus filhos achavam que eu tinha enlouquecido", conta ela, rindo. "Mas quando viram que era sério, viraram meus maiores fãs."
Rotina sobre rodas
Imagina só: acordar numa barraca em plena Patagônia, tomar café ouvindo o canto de pássaros que você nem sabia que existiam, e depois pedalar por paisagens que parecem saídas de sonho. É assim que dona Cida vive boa parte do ano.
Ela já cruzou desde os Andes até as planícies europeias, sempre com sua bicicleta fiel — que ela trata quase como um membro da família. "Minha bike já conhece mais lugares do que muita gente que viaja de avião", brinca.
Desafios e superações
Claro que nem tudo são flores — ou paisagens deslumbrantes. Já enfrentou de tudo: desde tempestades inesperadas na Bolívia até o calor escaldante do deserto chileno. Mas o que poderia desanimar muitos só fortaleceu sua determinação.
"Cada dificuldade me ensinou algo novo", reflete. "Aprendi que sou mais forte do que imaginava, e que a gentileza das pessoas pelo mundo é universal."
Lições da estrada
O que ela leva dessas aventuras? Histórias. Muitas histórias. Como a vez em que foi acolhida por uma família humilde no Peru que dividiu com ela o pouco que tinham. Ou quando um grupo de ciclistas alemães se tornou seus companheiros de jornada por uma semana inteira.
"As pessoas são incríveis quando você dá uma chance", diz, com os olhos brilhando. "Aprendi que o mundo é cheio de gente boa, disposta a ajudar."
Inspirando outras pessoas
O que começou como uma aventura pessoal transformou-se numa fonte de inspiração para tantos outros. Suas redes sociais — que ela atualiza sempre que encontra Wi-Fi — estão cheias de mensagens de pessoas que se sentem motivadas a seguir seus sonhos, independentemente da idade.
"Recebo mensagens de mulheres de 50, 60 anos dizendo que minha história as fez repensar o que é possível", conta emocionada. "Isso é o que mais me motiva a continuar."
Próximos destinos
E os planos não param — longe disso. Dona Cida já está organizando sua próxima grande aventura: uma jornada pelo Sudeste Asiático. Tailândia, Vietnã, Camboja... a lista só cresce.
"Enquanto essas pernas aguentarem, vou continuar pedalando", afirma, com aquela determinação que só quem realmente encontrou sua paixão consegue transmitir.
Que lição, não é? Enquanto muitos se preparam para "descansar" na terceira idade, essa incrível mulher do interior de São Paulo está mostrando que a vida pode ser uma aventura em qualquer idade — basta ter coragem de dar a primeira pedalada.
