54% das mulheres paranaenses não adotam sobrenome do marido em 2024
Mulheres paranaenses mantêm sobrenome após casamento

Mulheres paranaenses estão mantendo seus sobrenomes de solteira

Um levantamento inédito realizado pelos Cartórios de Registro Civil do Paraná revela uma mudança significativa no comportamento das mulheres ao se casarem. Apenas 54% das noivas optaram por adotar o sobrenome do marido em 2024, representando o menor percentual registrado desde 2003.

Os números que comprovam a transformação

Em números absolutos, dos 60.341 casamentos realizados no estado paranaense no ano passado, somente em 32.893 casos as mulheres decidiram incorporar o sobrenome do cônjuge. A diferença se torna ainda mais evidente quando comparada com os dados de 2003, quando 77,7% das noivas adotavam o sobrenome do marido - em um total de 38.899 adoções entre 50.065 matrimônios.

O presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Paraná (Arpen/PR), Cesar Augusto Machado de Mello, explica que "desde o Código Civil de 2003, o sobrenome deixou de ser uma imposição e passou a ser uma possibilidade. E o que vemos agora é a sociedade incorporando essa liberdade de forma real".

Casais reais contam suas experiências

Giuliana Baldo Cortes e Yeshu'a Emanuel de Oliveira Braz, residentes em Curitiba, são exemplos dessa nova tendência. Casados em setembro de 2025, eles optaram por manter seus nomes originais. Giuliana revela que chegou a considerar a mudança, mas foi desencorajada pela burocracia envolvida.

"Eu precisaria refazer o passaporte, mudar nome do CPF e até na identidade nova, que tinha acabado de fazer. Ia ter custos com a emissão do passaporte que eu não queria ter", conta a jovem.

Além dos aspectos práticos, questões emocionais também influenciaram sua decisão: "Quando percebi que essa coisa boba me incomodava, vi que, na verdade, eu gostava mais de continuar sendo eu mesma, com meu nome, com minha história. A sensação de não ser mais quem eu sempre fui, de apagar algum nome da minha família me incomodou".

Aumento significativo na manutenção dos nomes originais

Assim como Giuliana e Yeshu'a, 39,79% dos casais paranaenses optaram por não alterar os nomes de solteiro em 2024. Em 2003, essa prática ocorria em apenas 30,14% das celebrações, demonstrando um crescimento considerável nessa preferência.

Julliana, que também manteve seu sobrenome após o casamento, relata que a conversa com o companheiro foi tranquila: "Quando eu perguntei se por ele estava tudo bem continuarmos com nossos próprios nomes, ele disse que sim. Nunca foi um sonho, desejo ou fantasia ter o nome dele no nome da esposa".

Homens ainda aderem pouco à mudança de sobrenome

Embora o Código Civil permita que os homens também adotem o sobrenome da parceira, essa prática ainda é pouco comum no Paraná. Em 2003, apenas 70 homens entre 50.065 casamentos (0,14%) optaram por essa mudança.

O maior índice registrado nesse sentido aconteceu somente 20 anos depois, em 2023, quando 0,66% dos noivos decidiram incorporar o sobrenome da esposa. No entanto, houve um aumento significativo na inclusão de sobrenome por ambos os cônjuges: de 0,2% em 2003 para 5,08% em 2024.

Esses dados revelam uma transformação cultural em curso, onde as tradições estão sendo repensadas e as escolhas pessoais ganham cada vez mais espaço nos relacionamentos contemporâneos.