Anvisa aprova vacina brasileira contra dengue com 89% de eficácia
Vacina brasileira contra dengue aprovada pela Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quarta-feira, 26 de novembro de 2025, a vacina contra dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan. Chamada de Butantan-DV, o imunizante representa um marco na saúde pública brasileira por ser de dose única e demonstrar alta eficácia contra os quatro sorotipos da doença.

Detalhes da vacina e eficácia comprovada

A Butantan-DV é indicada para pessoas entre 2 e 59 anos e mostrou resultados impressionantes nos testes clínicos. O imunizante alcançou 79,6% de eficácia geral contra casos sintomáticos de dengue e 89% de proteção contra manifestações graves da doença que exigem hospitalização.

O diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participaram do anúncio oficial, onde detalharam que a vacina será incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). A produção é resultado de uma parceria entre o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan e o laboratório chinês Wu Xi.

Cronograma de distribuição e impacto na saúde pública

O Instituto Butantan se comprometeu a entregar 1 milhão de doses ainda em 2025, com mais 100 milhões de unidades disponíveis entre 2026 e 2027. Esta capacidade de produção em larga escala é crucial para enfrentar a epidemia de dengue que assola o país.

Os números da dengue no Brasil reforçam a urgência desta vacina: 1.636.599 casos confirmados e 1.730 mortes registradas até o momento, com outros 259 óbitos sob investigação. Em 2024, o país bateu recorde histórico com 6.563.561 casos e 6.321 mortes.

Diferenciais da vacina brasileira

A Butantan-DV possui várias vantagens em relação às alternativas existentes. Enquanto a Qdenga, atualmente disponível no SUS, é restrita à faixa etária de 10 a 14 anos, a vacina do Butantan cobre uma população muito mais ampla.

Outro diferencial importante é que a vacina é quadrivalente, protegendo contra os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Esta característica é fundamental porque a infecção por um sorotipo não confere imunidade contra os outros, e reinfecções tendem a ser mais graves.

O desenvolvimento da Butantan-DV contou com colaboração internacional dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH), que compartilharam as cepas virais e conduziram a fase 1 dos testes entre 2010 e 2012. Há oito anos, o Butantan coordena a fase 3 dos estudos com 16.235 participantes.

A aprovação desta vacina representa um avanço significativo no combate à dengue no Brasil, oferecendo uma ferramenta poderosa para reduzir casos, hospitalizações e mortes causadas pelo mosquito Aedes aegypti.