
A situação nas Unidades de Pronto Atendimento de Belém beira o insustentável. Quatro meses. Sim, você leu certo: cento e vinte dias sem receber um centavo pelo trabalho realizado. E olha que estamos falando de gente que mantém o sistema de saúde de pé - ou pelo menos tenta.
Enfermeiros, técnicos, recepcionistas, médicos... todos no mesmo barco furado. E o pior? A coisa toda parece aquela novela sem fim, onde todo mundo sabe o final mas continua assistindo mesmo assim.
Desespero que não cabe no bolso
Imagina só: você vai trabalhar todo santo dia, cuida de pacientes, salva vidas, e quando chega no final do mês... nada. Zero. A conta não fecha, o mercado cobra, o aluguel vence. É uma corda bamba financeira que já dura desde junho, pasmem!
"A gente vem de casa sem saber se vai ter o que comer no dia seguinte", desabafa uma técnica de enfermagem que prefere não se identificar - com medo de represálias, claro. O clima nas unidades é de total desalento, e quem paga o pato é justamente a população que depende desses serviços.
Efeito dominó na saúde
O que muita gente não percebe é que isso aqui não é só questão de dinheiro atrasado. É uma bola de neve que só cresce:
- Profissionais sobrecarregados psicologicamente
- Rotatividade absurda de funcionários
- Diminuição drástica na qualidade do atendimento
- Pacientes ficando no prejuízo
E tem mais: sem receber, como esses trabalhadores vão pagar transporte para chegar ao trabalho? Alimentação? Materiais básicos? A conta não fecha, e o sistema inteiro padece junto.
O silêncio que grita
O mais intrigante nessa história toda é o mutismo das autoridades. Enquanto isso, os cofres públicos... bem, desses a gente nunca tem notícia tão detalhada, né? Os profissionais já tentaram de tudo: ofícios, reuniões, abaixo-assinados. A resposta? O famoso "vamos ver" que todo brasileiro conhece tão bem.
Parece até aquela piada antiga: o que é pior que não ter dinheiro? Ter que trabalhar de graça. Só que aqui a piada perdeu a graça faz tempo.
"Estamos nos sustentando com a solidariedade de colegas e familiares", conta um enfermeiro que já não sabe mais como explicar a situação para os filhos. A dignidade profissional foi pro espaço, e o respeito pelo trabalhador da saúde... bem, esse parece ter virado pó.
E agora, José?
A pergunta que não quer calar: até quando? Até quando profissionais essenciais vão ser tratados como descartáveis? Até quando a população vai aceitar um serviço de saúde capenga? A conta chega para todos - e dessa vez, literalmente.
Enquanto os holofotes não se voltam para essa crise, cada dia sem pagamento é mais um prego no caixão da saúde pública belenense. E o pior é saber que, no final das contas, todos nós vamos pagar por isso - de um jeito ou de outro.