O Ministério da Saúde deu um passo significativo na modernização do Sistema Único de Saúde (SUS) ao anunciar a criação da Rede Nacional de Hospitais e Serviços Inteligentes e Medicina de Alta Precisão. A iniciativa, revelada nesta terça-feira, 18 de novembro de 2025, representa um avanço tecnológico sem precedentes na saúde pública brasileira.
Rede inteligente de UTIs
O projeto mais imediato da nova rede será a implementação de 14 UTIs automatizadas em hospitais distribuídos por 13 estados das cinco regiões do país. Segundo o ministério, essa tecnologia tem potencial para reduzir em até cinco vezes o tempo de espera por atendimento em situações de emergência.
As unidades de terapia intensiva inteligentes funcionarão nas seguintes cidades:
- Manaus (AM)
- Dourados (MS)
- Belém (PA)
- Teresina (PI)
- Fortaleza (CE)
- Recife (PE)
- Salvador (BA)
- Belo Horizonte (MG)
- Rio de Janeiro (RJ)
- São Paulo (SP)
- Curitiba (PR)
- Porto Alegre (RS)
- Brasília (DF)
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou o impacto transformador da iniciativa: "A implantação dessa rede nacional de serviços inteligentes tem um papel enorme para a saúde brasileira, que vai permitir que a população tenha acesso ao que tem de melhor em tratamento médico".
Tecnologia a serviço dos pacientes
As UTIs inteligentes representam um salto tecnológico na assistência médica pública. Segundo o Ministério da Saúde, esses serviços serão totalmente digitais, com monitoramento contínuo dos pacientes e integração completa entre equipamentos e sistemas de informação.
A inteligência artificial terá múltiplas aplicações práticas:
- Previsão de agravamento do estado de saúde dos pacientes
- Apoio às decisões clínicas dos profissionais
- Otimização de avaliações médicas
- Troca de conhecimento entre especialistas de diferentes regiões
Todas as unidades estarão conectadas a uma central de pesquisa e inovação, criando uma rede colaborativa de conhecimento em tempo real.
Primeiro hospital inteligente do Brasil
Outro pilar da modernização do SUS será a criação do primeiro hospital inteligente do país no Hospital das Clínicas da USP, em São Paulo. Batizado de Instituto Tecnológico de Emergência, o projeto tem investimento viabilizado pelo Banco dos BRICS e primeira etapa orçada em R$ 1,7 bilhão.
A previsão é que o hospital inicie suas operações em 2029, oferecendo uma estrutura com 800 leitos e capacidade para atender 20 mil pessoas por ano utilizando tecnologia de ponta.
Entre as inovações previstas estão:
- Inteligência artificial para triagem mais rápida e precisa
- Telemedicina para ampliar o acesso a especialistas
- Ambulâncias 5G com monitoramento em tempo real dos sinais vitais
- Cirurgias robóticas e medicina de precisão
A estrutura foi idealizada pela professora Ludhmila Hajjar, titular de emergências da Faculdade de Medicina da USP e referência nacional no tema. Ela explica que "o instituto tecnológico será um piloto para a medicina de alta complexidade no SUS, que levará atendimento de qualidade, com transformação, inovação e aplicação de tecnologias emergentes no cuidado dos pacientes".
Modernização de hospitais de excelência
Além das UTIs inteligentes e do hospital modelo, o Ministério da Saúde anunciou a modernização de oito hospitais considerados de excelência nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A primeira fase contemplará:
- O novo hospital da Unifesp na capital paulista
- Quatro hospitais federais no Rio de Janeiro através de parceria com GHC, Fiocruz, UNIRIO e UFRJ
- O Novo Hospital Oncológico da Baixada Fluminense (RJ)
- O Instituto do Cérebro
- O Novo Hospital do Grupo Hospitalar Conceição (RS)
O acordo de cooperação para implementação do hospital inteligente no HC-USP foi assinado na última sexta-feira, 14 de novembro, e Padilha oficializará a criação da unidade em cerimônia nesta quarta-feira, 19.
Essa iniciativa representa um marco na história do SUS, combinando tecnologia de ponta com a universalidade do sistema público de saúde para oferecer atendimento mais ágil, preciso e humanizado à população brasileira.