Governo federal investe R$ 1,17 bilhão em proteção para recém-nascidos
O Ministério da Saúde concretizou a aquisição de 1,8 milhão de doses da vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), destinadas especificamente para gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde. O anúncio foi feito pelo ministro Alexandre Padilha durante encontro com lideranças religiosas, representando um avanço significativo na proteção de recém-nascidos contra a principal causa de bronquiolite em bebês.
O primeiro lote, composto por 673 mil doses, iniciará sua distribuição para os estados ainda em novembro, com aplicação imediata assim que os imunizantes chegarem às redes estaduais e municipais. De acordo com o ministro, as gestantes poderão receber a vacina nas salas de vacinação a partir da primeira semana de dezembro.
Proteção direta para os bebês
A vacina foi incorporada ao Calendário Nacional de Vacinação da Gestante e será administrada a partir da 28ª semana de gestação, com foco principal na proteção de bebês com menos de seis meses de vida. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é vacinar pelo menos 80% do público-alvo, beneficiando aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos anualmente.
Estudos clínicos, incluindo o Estudo MATISSE, demonstraram que a vacinação materna apresenta eficácia de 81,8% na prevenção de casos graves de infecção por VSR durante os primeiros 90 dias de vida do bebê. A proteção é imediata e tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações hospitalares por ano no Brasil.
Impacto na saúde pública
O vírus sincicial respiratório representa um grave problema de saúde pública no país. Dados epidemiológicos revelam que o VSR é responsável por aproximadamente 75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos.
Entre 2018 e 2024, complicações associadas ao vírus, como bronquite, bronquiolite e pneumonia, resultaram em 83 mil internações de bebês prematuros em território nacional. Em 2025, até 15 de novembro, o Brasil já registrou 43,1 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave decorrentes do VSR, com mais de 35,5 mil hospitalizações em crianças menores de dois anos.
O cenário se agravou significativamente em 2025, com um aumento de 52% nos casos de VSR em bebês comparado aos períodos anteriores. Especialistas atribuem esse crescimento ao relaxamento das medidas de isolamento social pós-pandemia de COVID-19, que criou uma população mais suscetível ao vírus.
Investimento e autonomia nacional
O investimento total na aquisição das doses alcança R$ 1,17 bilhão, viabilizado através de acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório produtor, que permitirá a transferência de tecnologia para produção nacional do imunizante. Essa estratégia garantirá autonomia ao Brasil para ofertar a vacina no futuro.
Até 2027, o Ministério da Saúde planeja adquirir adicionalmente 4,2 milhões de doses, consolidando a proteção contra o VSR como política permanente de saúde pública. Na rede privada, a mesma imunização pode custar até R$ 1,5 mil por dose, destacando o caráter democratizante da oferta pelo SUS.
Com a chegada das vacinas às Unidades Básicas de Saúde, as equipes foram orientadas a verificar e atualizar a situação vacinal das gestantes, incluindo imunizações contra influenza e COVID-19. A vacina contra o VSR pode ser aplicada simultaneamente com esses outros imunizantes, facilitando a adesão ao calendário vacinal.