O Ministério da Saúde confirmou a identificação de quatro casos do subclado K do vírus Influenza A (H3N2) no território brasileiro. A detecção ocorre em um período considerado atípico para a circulação do vírus da gripe, acendendo um alerta para a possibilidade de uma temporada antecipada e de maior impacto em 2026.
Casos confirmados e origem da variante
Conforme as autoridades sanitárias, um dos casos é considerado "importado", registrado no estado do Pará e associado a uma viagem internacional. A amostra deste paciente foi analisada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os outros três casos foram identificados no Mato Grosso do Sul e ainda estão sob investigação pelas equipes de vigilância. As amostras sul-mato-grossenses foram processadas pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
Em ambos os estados, a identificação inicial partiu dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), que seguiram os protocolos e encaminharam o material para o sequenciamento genético. O subclado K é uma subdivisão do vírus influenza A (H3N2), caracterizada por pequenas mudanças genéticas acumuladas ao longo do tempo. Essas variações não configuram um novo vírus, mas podem influenciar na forma como ele se espalha e na resposta do sistema imunológico.
Sintomas e eficácia dos tratamentos
Especialistas reforçam que, até o momento, não há motivo para pânico. O quadro clínico provocado pelo subclado K é o mesmo de uma síndrome gripal comum. "Não há nenhum sintoma diferente ou característico desse subclado", afirma o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Juarez Cunha, diretor da SBIm, complementa que também não foi observada uma mudança na duração da doença. "Em geral, os sintomas duram de três a sete dias, como ocorre em outras gripes. Até o momento, não há indicação de que esse vírus provoque quadros mais prolongados."
Os médicos destacam que os sinais de alerta para buscar atendimento médico imediato, especialmente em grupos de risco, são os mesmos: febre alta e prolongada, falta de ar, cansaço intenso, prostração ou piora clínica repentina. A boa notícia é que os antivirais disponíveis continuam eficazes, principalmente quando administrados logo no início dos sintomas. "Quando o antiviral é iniciado cedo, ele diminui o risco de gravidade e de complicações", explica Kfouri.
Vacinação é a principal estratégia de defesa
O Ministério da Saúde foi enfático ao afirmar que as vacinas contra a gripe oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são eficazes para prevenir casos graves e hospitalizações causadas pelo subclado K. A campanha de imunização protege justamente contra a cepa H3N2, da qual a variante K faz parte.
A intensificação da vigilância epidemiológica no Brasil segue um alerta emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). O comunicado internacional apontou um aumento de casos e internações associados a essa variante em países do hemisfério norte. No entanto, a pasta ressalta que, até agora, não há evidências de que os casos no Brasil sejam mais graves.
As ações de vigilância incluem o monitoramento contínuo de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), além da investigação imediata de eventos incomuns. O ministério também alerta que a baixa adesão à vacinação contribui para uma maior circulação do vírus na população. Além da imunização, o SUS disponibiliza gratuitamente o antiviral específico para o tratamento, indicado principalmente para os grupos prioritários.
As recomendações de prevenção continuam as mesmas: procurar atendimento médico ao apresentar sintomas, usar máscara em caso de sinais gripais, higienizar as mãos com frequência e manter os ambientes bem ventilados. A vacinação segue sendo a ferramenta mais poderosa para reduzir hospitalizações e evitar desfechos graves da doença.