Sarampo retorna às Américas: Brasil confirma 37 casos importados em 2025
Sarampo volta às Américas; Brasil tem 37 casos

O continente americano perdeu nesta semana o status de região livre da transmissão endêmica do sarampo. A decisão foi anunciada pela Organização Pan-Americana da Saúde após o Canadá não conseguir interromper a circulação do vírus durante os últimos doze meses.

Situação no Brasil: casos confirmados e estados afetados

No Brasil, embora a eliminação da transmissão endêmica permaneça, a doença reapareceu com força. Entre janeiro e novembro de 2025, 37 casos de sarampo foram confirmados em sete estados diferentes, todos classificados como importados ou relacionados à importação.

Segundo dados do Ministério da Saúde, as confirmações ocorreram nos seguintes estados: Tocantins (25 casos), Mato Grosso (6), Rio de Janeiro (2), Distrito Federal (1), Maranhão (1), Rio Grande do Sul (1) e São Paulo (1).

As equipes de vigilância em saúde conseguiram interromper a transmissão em todos os episódios através do rastreamento de contatos e do reforço imediato da vacinação nas regiões afetadas.

Focos principais e ações de contenção

Os primeiros casos do ano foram registrados em março, no Rio de Janeiro, quando duas crianças da mesma família, residentes em São João de Meriti, testaram positivo para a doença. Situações semelhantes ocorreram posteriormente no Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

O maior foco da doença foi identificado em Campos Lindos, no Tocantins, onde quatro moradores que retornaram da Bolívia já infectados transmitiram o vírus para outras 25 pessoas. A maioria das contaminações ocorreu em uma comunidade com baixa adesão vacinal. O caso confirmado em Carolina, no Maranhão, teve ligação direta com esse grupo.

Diante do aumento de casos em países vizinhos, o governo brasileiro intensificou a vacinação nos estados que fazem fronteira com Bolívia, Uruguai e Argentina. O Brasil doou mais de 640 mil doses de vacina ao governo boliviano para ajudar no combate à doença.

Preocupação continental e preparação para eventos internacionais

O cenário em todo continente americano é preocupante. Em 2025, foram confirmados 12.596 casos de sarampo nas Américas, com 28 mortes registradas - a maioria ocorrendo no México.

O alto fluxo internacional esperado para a COP-30, que será realizada no Pará, motivou o reforço da vacinação na região. Mais de 351 mil doses já foram aplicadas neste ano na área que receberá o evento climático global.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou em nota que "o Ministério da Saúde tem garantido o abastecimento de imunizantes em todos os estados e reforçado a vigilância para evitar a reintrodução do vírus no País".

Vacinação: proteção essencial contra o sarampo

Os números da vacinação no Brasil mostram uma preocupante queda na cobertura. Em 2024, o país havia alcançado 95,8% de adesão à primeira dose da tríplice viral e 80,4% à segunda dose. Em 2025, esses índices recuaram para 91,5% e 75,5%, respectivamente.

A vacina contra o sarampo continua sendo a principal forma de prevenção e está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde para pessoas de 12 meses a 59 anos.

O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa, capaz de causar complicações graves e até a morte. A transmissibilidade é tão elevada que uma pessoa infectada pode contaminar até 90% das pessoas não vacinadas ao seu redor.

O contágio ocorre desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento das manchas vermelhas na pele. Após a exposição ao vírus, os sintomas costumam surgir entre 7 e 18 dias.

Sintomas e complicações

Os sinais iniciais do sarampo incluem:

  • Febre alta acompanhada de tosse
  • Irritação nos olhos
  • Coriza ou nariz entupido
  • Falta de apetite
  • Mal-estar intenso

Um dos primeiros achados característicos são pequenas manchas brancas na parte interna das bochechas. De três a cinco dias depois, surgem as manchas vermelhas, primeiro no rosto e atrás das orelhas, depois se espalhando pelo restante do corpo.

Se a febre persistir após o aparecimento das manchas, é um sinal de alerta para gravidade, especialmente em crianças menores de cinco anos.

As complicações variam conforme a faixa etária. Em crianças, podem incluir pneumonia, infecções de ouvido, encefalite e risco de morte. Em adultos, a forma mais comum é a pneumonia, enquanto gestantes têm risco aumentado de parto prematuro e bebês com baixo peso ao nascer.

Não existe tratamento específico para o sarampo. O manejo é feito com suporte clínico, que envolve medicamentos para alívio dos sintomas, hidratação, alimentação adequada e cuidados com olhos, pele e vias aéreas. Em casos de infecções bacterianas secundárias, como pneumonia, antibióticos podem ser necessários - sempre sob orientação médica.