Sarampo mata 58 milhões a menos em 24 anos, mas avanço está em risco
Sarampo: mortes caem 88%, mas vacinação recua globalmente

Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde revela que o mundo está perdendo terreno na luta contra o sarampo, uma doença que já foi considerada uma das maiores vitórias da saúde pública global.

Queda histórica de mortes ameaçada

Entre os anos 2000 e 2024, as mortes globais por sarampo caíram impressionantes 88%, evitando aproximadamente 58 milhões de óbitos em todo o planeta. O documento, publicado em 28 de novembro, mostra que a vacinação em massa foi responsável por esse progresso extraordinário.

No entanto, esse avanço histórico agora enfrenta sérios riscos. A cobertura vacinal ao redor do mundo recuou para níveis muito abaixo do necessário para impedir a circulação do vírus, alimentando novos surtos em diversos países.

Surto global em expansão

O relatório da OMS apresenta números alarmantes: 59 países registraram surtos grandes ou disruptivos no último ano — quase três vezes mais do que em 2021. A situação é particularmente preocupante na América do Norte, onde Canadá e Estados Unidos, que já haviam eliminado o sarampo, voltaram a registrar aumento expressivo de casos e risco de perder o status de eliminação.

Na União Europeia, a situação também preocupa, com 35 mil casos registrados desde o ano passado. Globalmente, mais de 30 milhões de crianças ficaram insuficientemente protegidas contra o sarampo somente em 2024.

Brasil em alerta

No Brasil, embora o país continue reconhecido pela Organização Pan-Americana da Saúde como livre da circulação endêmica do vírus, o cenário requer atenção redobrada. Até a 38ª semana epidemiológica de 2025, foram confirmados 37 casos de sarampo em diferentes estados, sendo a maioria com origens em outros países.

Especialistas alertam que, em áreas com baixa cobertura de vacina, mesmo quando os casos são importados, podem gerar novos surtos. O vírus do sarampo é um dos mais contagiosos do mundo e encontra terreno fértil para avançar rapidamente em comunidades com baixa adesão à vacinação.

Crescente ameaça antivacina

O problema tem sido alimentado pelo crescente sentimento antivacina em várias partes do mundo. Com menos pessoas imunizadas, o sarampo — que é altamente contagioso e potencialmente grave — prospera e encontra espaço para se espalhar.

Por esse motivo, a doença não é mais considerada um vírus do passado: o sarampo está de volta e representa uma ameaça real à saúde pública global. A vacinação continua sendo a ferramenta mais eficaz de proteção contra essa doença que pode ter consequências sérias, especialmente em crianças e grupos vulneráveis.