20% das empresas e 14% dos lares usam produtos de limpeza irregulares
Produtos de limpeza irregulares atingem 20% das empresas

Produtos de limpeza irregulares preocupam especialistas

Um levantamento recente realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA) revelou dados alarmantes sobre o consumo de produtos de limpeza irregulares no Brasil. Segundo a pesquisa, 14% das residências e 20% das empresas do país utilizaram artigos sem registro formal em 2025.

Crescimento do mercado clandestino

Os números representam um aumento significativo em relação ao ano anterior, quando a entidade registrou que 11% das casas e 17% das empresas empregavam itens irregulares. O estudo detectou que o problema se expandiu em diferentes setores da sociedade brasileira.

Juliana Marra, presidente da ABIPLA, alerta que o cenário é preocupante: "Os produtos falsificados são ineficazes e trazem uma falsa sensação de economia para a população. Fora os riscos à saúde, a informalidade gera concorrência desleal, precariza o mercado e impacta a arrecadação de impostos".

Os produtos mais falsificados e seus riscos

O mapeamento identificou quais são os artigos clandestinos mais consumidos pelos brasileiros:

  • Água sanitária (55%)
  • Desengordurantes (48%)
  • Removedores (35%)

Entre as empresas, o desinfetante hospitalar liderou a lista de compras informais, com 48% das aquisições irregulares. As vendas desses produtos são mais comuns na região Nordeste do país.

O médico toxicologista Sérgio Graff, diretor da Toxiclin em São Paulo, expressa preocupação especial com a situação nos hospitais: "A utilização desses produtos jamais deveria ser negligenciada, uma vez que sua atribuição é eliminar patógenos e evitar a proliferação de doenças em ambientes hospitalares".

Perigos concretos para a saúde

Os especialistas alertam que os produtos irregulares apresentam riscos reais à saúde da população. A água sanitária falsificada pode conter concentrações de cloro acima do permitido, causando irritações na pele. Já os limpadores de panelas clandestinos podem incluir substâncias ácidas proibidas.

O toxicologista explica que mesmo sabões e amaciantes irregulares podem apresentar contaminantes capazes de provocar danos à saúde. Em alguns casos, a inalação desses produtos pode desencadear problemas respiratórios graves.

Como se proteger dos produtos irregulares

Os especialistas orientam os consumidores a adotarem algumas medidas básicas para evitar os riscos:

  1. Priorizar estabelecimentos comerciais formais, como mercados e supermercados
  2. Verificar se o produto possui registro nos órgãos competentes
  3. Conferir se o rótulo contém informações completas sobre composição química, lote, data de validade e modo de utilização
  4. Observar a presença do número do processo de regulamentação junto à Anvisa e o CNPJ da empresa

Graff ressalta a importância de evitar produtos vendidos sem rótulo ou em embalagens recicláveis de outros produtos, como garrafas pet de refrigerantes. "Produtos fortemente ácidos ou alcalinos precisam ter tampa resistente a abertura acidental por crianças, justamente pelo risco dos problemas que podem causar", completa o especialista.

O mercado de produtos de limpeza ilícitos movimentou, apenas em 2025, mais de R$ 5 bilhões, segundo estimativas da ABIPLA. Esse volume representa não apenas um risco à saúde pública, mas também um impacto significativo na economia formal do país.