Operação Slim: PF combate rede de Mounjaro irregular em 4 estados
PF combate rede de Mounjaro irregular em 4 estados

Operação da PF combate rede clandestina de medicamento para emagrecer

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 27 de novembro de 2025, a Operação Slim, com foco no combate à produção, fracionamento e comercialização ilegal do princípio ativo tirzepatida, presente no medicamento Mounjaro, utilizado para tratamento de obesidade e diabetes tipo 2.

Foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em quatro estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. As ações atingiram clínicas, laboratórios, estabelecimentos comerciais e residências ligadas aos investigados.

Riscos à saúde pública

De acordo com a PF, o grupo investigado realizava envase, rotulagem e distribuição do medicamento de forma totalmente irregular. A estrutura montada para a fabricação não seguia os padrões sanitários mínimos exigidos pela legislação.

"Foram encontrados indícios de produção em série em escala industrial, prática não permitida no âmbito da manipulação magistral autorizada pela legislação vigente", informou a Polícia Federal em nota oficial.

Os produtos irregulares representam sérios riscos à saúde dos consumidores, pois podem conter:

  • Contaminantes perigosos
  • Dosagens incorretas do princípio ativo
  • Substâncias não declaradas que podem causar eventos adversos graves

Alerta da fabricante e autoridades sanitárias

A tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, é produzida pela farmacêutica Eli Lilly, detentora do registro para comercialização no Brasil junto à Anvisa. A empresa mantém uma carta aberta alertando a população sobre os riscos dos produtos adulterados.

"Temos como preocupação as muitas discussões que giram em torno de produtos e tratamentos não comprovados que afirmam ser alternativas aos medicamentos reais. Esses produtos estão sendo amplamente divulgados e vendidos pela internet, redes sociais, em algumas clínicas de estética, farmácias de manipulação e centros de bem-estar — e colocam, potencialmente, as pessoas em risco", afirma a farmacêutica.

A Anvisa e outras agências reguladoras já haviam alertado sobre os riscos de canetas antiobesidade irregulares. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também emitiu um alerta sobre falsificações de medicamentos similares.

Venda em plataformas digitais

A investigação revelou que o produto irregular era comercializado em plataformas digitais sem qualquer controle de qualidade, esterilidade ou rastreabilidade. Os consumidores eram induzidos a acreditar que a produção do princípio ativo era permitida, o que não corresponde à verdade.

"A Lilly nunca vende Mounjaro (tirzepatida) original nas redes sociais, e caso você se depare com alguma opção de compra, saiba que é ilegal. Esses produtos são potencialmente falsificados ou estão sendo revendidos de maneira inadequada", reforça a empresa.

A Anvisa também está intensificando o cerco contra canetas antiobesidade importadas sem registro no Brasil. Desde setembro, a agência apreendeu cinco produtos irregulares e suspendeu todas as modalidades de importação para esses itens.

Os medicamentos contra obesidade e diabetes à base de agonistas do GLP-1, como tirzepatida (Mounjaro) e semaglutida (Wegovy e Ozempic), só podem ser vendidos com prescrição médica e retenção de receita, seguindo a mesma regra aplicada aos antibióticos.