Um jovem paraense de 24 anos morreu após contrair raiva humana no estado do Amapá. Matheus Santa Rosa dos Santos, natural de São Caetano de Odivelas, no nordeste do Pará, foi atacado por um macaco enquanto pescava na região do Cabo Orange, em Oiapoque, no extremo norte do Amapá.
Detalhes do caso e internação
Após o ataque, Matheus começou a apresentar sintomas compatíveis com encefalite viral aguda. Ele foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Barros Barreto, em Belém, unidade de referência para o tratamento de infecções, onde ficou internado por duas semanas. A morte foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) na quinta-feira, 4 de setembro de 2025.
Exames laboratoriais realizados pelo Instituto Pasteur, em São Paulo, confirmaram a presença do vírus da raiva através da técnica RT-PCR. As análises reforçam a hipótese de transmissão ligada a morcegos, que são os principais hospedeiros da variante encontrada.
Terceiro caso no Brasil em 2025
De acordo com o Ministério da Saúde, este é o terceiro caso de raiva humana registrado no Brasil em 2025 e o primeiro na região Amazônica. Os outros dois casos ocorreram nos estados do Ceará e Pernambuco, também relacionados a ataques de macacos infectados com variantes silvestres do vírus.
O ministério informou que mantém estoques estratégicos de soro e vacina antirrábica e apoia estados e municípios no atendimento pós-exposição. Entre 2010 e 2024, o Brasil registrou 48 casos de raiva humana, sendo 24 causados por morcegos e nove por cães.
Medidas de controle e vigilância
A Secretaria de Saúde do Pará esclareceu que o traslado do corpo não é responsabilidade do estado. A Coordenação de Zoonoses notificou o estado do Amapá sobre as medidas de controle, que são de competência das autoridades de saúde locais, já que a exposição ao vírus ocorreu naquela região.
No Amapá, equipes de saúde, laboratórios e órgãos ambientais foram mobilizados para conter riscos de contaminação e investigar o foco de transmissão na área do ataque. A Secretaria de Saúde do Pará ressaltou que não há registros de casos ou mortes por raiva humana no estado entre 2023 e 2025.
Após a morte, o corpo de Matheus foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito da Polícia Científica do Pará, em Belém. A Sespa realizou a necropsia e liberou o corpo, com coleta de amostras enviadas ao Laboratório Central do estado para análises complementares.
O que é a raiva humana:
- Doença viral quase 100% letal, transmitida pela saliva de mamíferos infectados.
- A transmissão ocorre por mordidas, arranhões ou contato com secreções.
- Sintomas incluem febre, dor de cabeça, agitação e espasmos musculares.
- O tratamento com soro e vacina deve ser iniciado imediatamente após a exposição.
O Ministério da Saúde alerta que qualquer pessoa agredida por mamíferos silvestres deve procurar imediatamente um serviço de saúde para iniciar o tratamento, disponível gratuitamente pelo SUS. O Hospital Barros Barreto, por sua vez, informou que não divulga dados clínicos de pacientes, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).