PF combate rede clandestina de canetas emagrecedoras falsas com tirzepatida
Operação da PF contra canetas emagrecedoras falsificadas

Operação da PF combate rede clandestina de emagrecedores

A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (27) uma operação para desarticular uma rede clandestina especializada na produção, fracionamento e comercialização de canetas emagrecedoras com tirzepatida, princípio ativo do medicamento Mounjaro. A ação ocorre em meio ao aumento significativo no consumo de remédios para emagrecimento e na procura por versões falsificadas no mercado brasileiro.

Riscos graves à saúde com medicamentos falsos

Segundo especialistas consultados, o uso de medicamentos falsificados representa sérios riscos à saúde dos consumidores. Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que não há garantia de que a substância presente seja realmente tirzepatida, nem de que esteja na concentração correta.

"Ao produzir esse tipo de medicamento é preciso seguir uma técnica rigorosa para evitar contaminação. Se isso não é respeitado, aquele frasco pode carregar vírus, bactérias ou fungos", alerta o médico.

Alexandre Hohl, diretor da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), reforça que os efeitos de remédios falsificados podem variar em intensidade, atingir diferentes órgãos e até mesmo levar à morte. Ele faz uma analogia com os recentes casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas.

Situação legal e alertas importantes

No Brasil, somente empresas farmacêuticas autorizadas pela Anvisa podem produzir e comercializar esses medicamentos agonistas de GLP-1. A venda é restrita a farmácias e drogarias, com retenção de receita médica. A manipulação do Mounjaro também não é permitida legalmente, pois a farmacêutica Eli Lilly detém a patente do produto.

Em nota, a Eli Lilly deixou claro que não fornece tirzepatida para farmácias de manipulação, clínicas médicas ou varejistas online. A empresa alerta que as versões manipuladas não tiveram sua segurança, eficácia e qualidade avaliadas pela Anvisa.

Os médicos listaram sinais de alerta para identificar possíveis produtos falsos:

  • Dor considerável ou inflamação intensa no local da aplicação
  • Febre ou calafrios após o uso
  • Qualquer sintoma que destoe do padrão esperado do medicamento

Moura também alerta sobre a origem do produto: "Médico não pode vender remédio. Isso é crime previsto em lei. Se um médico está vendendo o medicamento diretamente, desconfie".

As imagens divulgadas pela operação policial mostram locais de fabricação em condições sanitárias inadequadas, com materiais armazenados ou descartados sem embalagem apropriada, confirmando os riscos apontados pelos especialistas.