Jovem de 28 anos morre após superbactéria no pulmão e alerta sobre vape
Jovem morre após superbactéria e alerta sobre vape

Tragédia em Santos: jovem morre após superbactéria no pulmão

A história de Nayara Alves Meng, uma jovem de 28 anos residente em São Vicente, terminou de forma trágica na noite da última quarta-feira (19). Após quase três meses de internação no Hospital dos Estivadores, em Santos, no litoral de São Paulo, Nayara não resistiu a uma parada cardíaca causada por uma superbactéria que se alojou em seu pulmão.

Alerta nas redes sociais sobre os perigos do vape

Antes de falecer, Nayara utilizou suas redes sociais para fazer um comovente alerta sobre os riscos do uso do cigarro eletrônico. Em publicação feita no dia 10 de outubro, ela compartilhou detalhes sobre seu tratamento e deixou um recorte marcante: "Respirar é um presente".

Em seu desabafo digital, a jovem escreveu: "Aprendendo, da forma mais dura, o quanto o vape destrói o que temos de mais precioso: o ar que nos mantém vivos. No começo parece inofensivo, moderno, até 'melhor que cigarro', mas não é".

Nayara descreveu como o dispositivo afeta o corpo gradualmente: "Quando percebemos, já estamos lutando para respirar o que antes era natural. Se eu puder te pedir algo, é: pense com carinho em você".

Tratamento difícil e diagnóstico tardio

De acordo com relatos de sua irmã, Talita Leôncio Meng, os problemas de saúde começaram em abril, quando Nayara passou a apresentar tosse intensa, dificuldade para respirar e febre. A jovem foi atendida no Hospital Municipal de São Vicente, onde recebeu diagnóstico de princípio de pneumonia e foi liberada com antibióticos.

Com a piora do quadro, ela retornou à unidade de saúde, quando houve suspeita de tuberculose. Novamente medicada, recebeu outro tratamento para seguir em casa. Em junho, com os sintomas agravados, Nayara foi atendida no Pronto-Socorro Central de Praia Grande, sendo internada e depois transferida para o Hospital Irmã Dulce, onde permaneceu por 30 dias.

Exames de tomografia apontaram uma massa no pulmão, sem sinais de tumor, sugerindo abscesso. Os médicos realizaram drenagem de líquido dos pulmões, o que trouxe melhora temporária e permitiu a alta hospitalar. No entanto, dois dias depois, Nayara voltou a piorar e precisou buscar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos.

Internação prolongada e complicações

Nayara ficou dez dias na UPA até ser transferida para o Hospital dos Estivadores, onde iniciou tratamento intensivo. Os exames revelaram uma bactéria no pulmão que evoluiu para superbactéria, possivelmente fortalecida pelos tratamentos anteriores com antibióticos.

Na unidade hospitalar, Nayara foi submetida a uma biópsia, cujo resultado só ficou pronto no dia em que morreu. Também foram realizados testes para doenças autoimunes. Sua irmã destacou que, antes do episódio, a jovem "vendia saúde", sem histórico de problemas graves.

Em 15 de novembro, Nayara piorou e precisou ser entubada. Três dias depois, sofreu uma parada cardíaca que foi revertida pela equipe médica. Na quarta-feira (19), foi reanimada duas vezes, mas na última não resistiu.

Uso do vape e questionamentos sobre atendimento

Talita contou que a irmã usava vape e narguilé desde 2021. Segundo ela, os médicos não relacionaram a gravidade diretamente ao cigarro eletrônico, embora tenham dito que o uso poderia ter "ocasionado alguma lesão no pulmão" - algo que a própria Nayara também acreditava.

Para Talita, mesmo que a bactéria não tenha sido provocada pelo vape, o uso constante deixou o pulmão fragilizado e incapaz de resistir à superbactéria. Em desabafo, ela afirmou: "Não foi o uso do vape apenas que levou você de nós. A negligência, a falta de diagnóstico e assistência médica dos municípios de São Vicente e Praia Grande terminou de te adoecer".

A Prefeitura de São Vicente se manifestou sobre o caso, informando que atendeu Nayara em 31 de agosto, seguindo protocolos do Ministério da Saúde. A administração municipal afirmou que, na ocasião, a paciente não apresentava sintomas que justificassem internação e que a morte ocorreu quase três meses depois, período em que a condição clínica pode ter evoluído.

O caso de Nayara serve como um alerta importante sobre os riscos ainda pouco discutidos dos cigarros eletrônicos e a necessidade de diagnósticos precisos e tratamentos adequados para doenças respiratórias.