O Hospital Frotinha da Messejana, localizado em Fortaleza, teve dois de seus setores parcialmente interditados pelo Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE). A medida foi tomada devido à ausência de enfermeiros em quantidade suficiente, especialmente durante os finais de semana.
Fiscalização revela cenário crítico
A ação fiscalizatória do Coren-CE começou na noite de sexta-feira, 5 de julho, e continuou no sábado, dia 7. O conselho, que já vinha monitorando a unidade desde o mês anterior, constatou uma situação grave: setores funcionavam sem nenhum enfermeiro ou com um único profissional tentando cobrir dois ou três departamentos simultaneamente.
De acordo com a normativa, o hospital precisa de um mínimo de três enfermeiros por plantão. No entanto, em algumas inspeções, eram encontrados apenas dois. A conselheira Stela Maria descreveu um cenário de sobrecarga insustentável. "Onde esses profissionais ficam adoecidos, a gente vem conversar com esses profissionais, os profissionais chorando porque não aguentam mais a pressão em cima deles", relatou.
Funcionamento irregular e resposta da prefeitura
O Coren-CE informou que, durante a fiscalização, apenas auxiliares e técnicos de enfermagem estavam trabalhando em alguns setores, uma prática expressamente proibida pela legislação. "Todo profissional técnico de enfermagem necessita da presença de um enfermeiro para supervisionar a atividade da enfermagem", explicou Stela Maria.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza afirmou que o hospital estava funcionando neste sábado com uma equipe composta por sete enfermeiros e 11 médicos. A pasta declarou que "segue atuando em conjunto com os órgãos de controle" e que "as medidas administrativas e jurídicas solicitadas serão implementadas", reafirmando o compromisso com a transparência e a segurança.
Reabertura condicionada a nova escala
A interdição é parcial, o que significa que a unidade hospitalar continua atendendo a população, mas com áreas específicas fechadas. A orientação do conselho é clara: os setores interditados só poderão voltar a funcionar quando a Prefeitura de Fortaleza apresentar e colocar em prática uma nova escala de trabalho que garanta a quantidade ideal de enfermeiros, conforme a legislação profissional.
O caso expõe uma das pressões enfrentadas pela saúde pública, onde a falta de profissionais qualificados pode comprometer diretamente a qualidade e a segurança do atendimento prestado à população.