
Parece brincadeira, mas é a mais pura realidade: os hospitais públicos brasileiros estão vendo chegar cada vez mais adolescentes precisando de cirurgia para fimose. Os números, francamente, assustam. Em apenas dez anos, as internações no SUS por esse problema cresceram espantosos 81% entre jovens de 10 a 19 anos.
Se você acha que isso é pouco, espere só para ver os dados completos. Entre 2013 e 2023, saltamos de 3.739 para 6.766 procedimentos cirúrgicos nessa faixa etária. Um aumento que, convenhamos, dá o que pensar.
O que está por trás desses números?
Conversando com especialistas, a gente descobre coisas interessantes. Muitos casos poderiam ser resolvidos ainda na infância, mas acabam sendo negligenciados - seja por falta de informação dos pais, seja por vergonha dos próprios jovens em falar sobre o assunto.
E olha, a situação é mais comum do que se imagina. A fimose, para quem não sabe, é aquela dificuldade de expor a glande (a "cabeça" do pênis) porque o prepúcio é muito estreito. Nos bebês, é super normal, mas conforme a criança cresce, a tendência é que isso se resolva naturalmente.
Mas e quando não resolve?
Aí a coisa complica. A postectomia - nome chique da cirurgia - acaba se tornando necessária. E cá entre nós, ninguém gosta de passar por uma operação, ainda mais na adolescência, fase já cheia de inseguranças.
Os urologistas que acompanham esses casos são categóricos: a maioria dessas cirurgias poderia ser evitada com acompanhamento médico desde cedo. A questão é que muitos pais, talvez por desconhecimento ou até por certo tabu, acabam adiando a conversa com o pediatra.
Regionalmente, os números contam histórias diferentes
O Sudeste lidera com folga o número de procedimentos - 2.898 apenas no último ano. Já o Norte aparece com apenas 304 cirurgias. Será que lá o problema é menor, ou será que o acesso à saúde é mais complicado? Difícil saber ao certo.
E tem mais: entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o crescimento foi ainda mais expressivo - 85,7%! Parece que a galera está deixando para resolver as coisas cada vez mais tarde.
Os especialistas fazem um alerta importante: problemas de higiene, infecções urinárias e até dificuldades nas relações sexuais futuras podem ser consequências de uma fimose não tratada. Não é algo que deva ser deixado de lado, não.
E a prevenção?
Ah, aí é que está o pulo do gato. Muitos casos respondem bem a exercícios de alongamento e pomadas específicas, evitando a temida cirurgia. Mas claro, tudo isso precisa ser acompanhado por um profissional, nada de inventar moda em casa.
O sistema público oferece o tratamento completo, desde a consulta inicial até a cirurgia quando necessária. O problema, muitas vezes, é a demora no diagnóstico.
No fim das contas, o que esses números mostram é que precisamos falar mais abertamente sobre saúde masculina. Quebrar tabus, orientar os pais, informar os adolescentes. Porque saúde, meus amigos, é coisa séria - e quanto mais cedo a gente cuida, melhor.