
Imagine a cena: um helicóptero cortando o céu do Rio de Janeiro como um pássaro metálico em missão de vida ou morte. Dentro dele, uma caixa térmica com um fígado que seria a salvação de um homem de 60 anos à beira do abismo.
Aconteceu na última sexta-feira (18/07) um daqueles momentos que parecem saídos de série médica - mas com a pressão real de quem luta contra o relógio biológico. O órgão, captado em outro estado, precisou vencer 450 km em tempo recorde antes que fosse tarde demais.
Logística de guerra
"Foi como coordenar um desembarque militar", brincou (mas só meio) um dos coordenadores da operação. Primeiro um avião, depois o helicóptero, e por fim uma ambulância com sirene ligada - tudo sincronizado com precisão de relojo suíço.
- 16h23: o fígado sai do hospital de origem
- 17h47: pouso no aeroporto do Galeão
- 18h12: chegada ao hospital destino
E olha que o trânsito carioca quase deu seu veredito - quem nunca ficou parado na Linha Vermelha torcendo para o tempo passar mais devagar?
O paciente
O receptor, um aposentado com cirrose hepática em estágio avançado, já estava na fila de espera há 8 meses. Segundo a equipe médica, suas chances diminuíam a cada semana que passava.
"Quando avisamos que o fígado estava a caminho, ele só sorriu e disse 'tá na mão de Deus agora'", contou uma das enfermeiras, emocionada. Fé e ciência, juntas numa dança delicada.
E deu certo?
Depois de 7 horas de cirurgia - sim, sete horas de pura tensão - o transplante foi considerado um sucesso. O paciente está em recuperação e, pasme, já deu sinais de melhora impressionantes.
"É por dias como esse que a gente aguenta os plantões de 24h", filosofou o cirurgião-chefe, enquanto tomava seu terceiro café do dia. A vida, essa teimosa, insistiu em vencer mais uma.