
Imagine você saindo de uma cirurgia de apêndice, achando que o pior passou, e descobrindo que o remédio que devia salvar sua vida está, na verdade, te colocando em risco. Pois é, essa não é ficção – é a realidade assustadora em muitos hospitais do país.
Uma campanha de peso, capitaneada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) junto com o Ministério da Saúde, acendeu o sinal vermelho. O problema? A forma como os antibióticos estão sendo receitados dentro dos hospitais brasileiros. E olha, não é exagero – estamos falando de falhas que beiram o negligente.
O que exatamente está errado?
Os dados são de arrepiar. Quase metade das prescrições analisadas (45,7%) apresentavam erros graves na dosagem – nem mais, nem menos, o suficiente para tornar o tratamento inútil ou, pior, perigoso. E tem mais: a duração do tratamento estava incorreta em 38% dos casos. É como tomar um antibiótico por três dias para uma infecção que precisa de dez. Resultado? A bactéria dá risada e volta mais forte.
E não para por aí. A escolha do antibiótico em si estava equivocada em 23,3% das vezes. Seria o mesmo que usar um martelo para parafusar uma prateleira – a ferramenta errada para o problema, com consequências desastrosas.
E as consequências? Catastróficas.
Isso não é um mero erro burocrático. Essas falhas têm um preço, e ele é pago com a saúde das pessoas. O uso incorreto é um combustível direto para a criação de superbactérias – microrganismos que viram praticamente imunes aos nossos remédios mais potentes. Um pesadelo que os médicos tanto tentam evitar.
Além disso, complicações pós-cirúrgicas disparam. Infecções que deveriam ser controladas viram casos graves, aumentando o tempo de internação, os custos para o sistema e, o que é pior, o sofrimento do paciente. É um daqueles casos em que um pequeno erro na canetada do médico gera uma bola de neve devastadora.
O que está sendo feito?
A campanha «Aqui se Prescreve com Segurança» não veio só para apontar o dedo. Ela é um chamado à ação. O foco principal é engajar os próprios profissionais de saúde – dos médicos aos farmacêuticos – em um uso mais racional e, claro, seguro desses medicamentos.
A ideia é espalhar cartazes e materiais informativos por hospitais de todo o Brasil, lembrando a todos do protocolo correto. Porque no fim do dia, a luta contra a resistência microbiana é uma guerra coletiva. E perder ela não é uma opção.
A verdade nua e crua? Precisamos falar mais sobre isso. O paciente tem o direito de questionar, de entender qual remédio está tomando e por quê. Afinal, saúde é uma via de mão dupla.