Doação de órgãos: PI bate recorde de transplante de córnea em 2024 com jovem de 20 anos
Doação de órgãos de jovem de 20 anos bate recorde no Piauí

Um ato de solidariedade familiar permitiu que a vida de um jovem de 20 anos, vítima de morte encefálica, se transformasse em esperança para até cinco pacientes que aguardam por um transplante. A doação dos rins, fígado e córneas do jovem, autorizada pela família nesta segunda-feira (15), marcou a terceira captação de múltiplos órgãos realizada pelo Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, apenas em 2025.

Um gesto de amor que salva vidas

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), os órgãos doados foram rapidamente destinados a pacientes na lista de espera. O fígado seguiu para Fortaleza, no Ceará, enquanto os rins e as córneas foram encaminhados para a Central de Transplantes de Teresina. Este caso reforça um movimento positivo no estado: o transplante de córnea já bateu recorde no Piauí em 2024, um dado significativo diante das 430 pessoas que ainda aguardam por esse tecido específico no estado. Na fila por rins, são 573 pacientes.

O procedimento de captação, que exige extrema agilidade e precisão, começou por volta das 10h e durou aproximadamente três horas. Envolveu uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões, perfusionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e uma equipe do Hospital Getúlio Vargas (HGV). O processo completo inclui exames, confirmação diagnóstica, acionamento dos órgãos reguladores e o cumprimento de todos os trâmites legais antes da cirurgia propriamente dita.

A importância da conversa em família

Nadja Freitas, coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), aproveitou o caso para enfatizar um ponto crucial. “A doação de órgãos é um gesto de amor que precisa ser conversado com a família”, afirmou. Ela ressaltou que, no Brasil, a autorização final depende sempre dos familiares, mesmo que a pessoa tenha manifestado em vida o desejo de ser doadora. Para muitos, o transplante representa a única chance de recomeço ou de sobrevivência.

O diretor técnico do HEDA, Dr. Carlos Teixeira, complementou destacando a necessidade de se cultivar uma cultura da doação na sociedade. “Quanto mais essa cultura é difundida, menor é a resistência no momento da captação, tanto entre a sociedade quanto entre os próprios profissionais de saúde”, pontuou. A sensibilização é um trabalho contínuo para reduzir as filas de espera e salvar mais vidas.

Como se tornar um doador de órgãos

Para quem deseja formalizar a intenção de ser doador, o caminho está mais acessível. Interessados podem utilizar a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO). O processo é digital:

  • Acesse o site oficial da AEDO.
  • Solicite um certificado digital e preencha o formulário, indicando quais órgãos e tecidos deseja doar.
  • Selecione o cartório responsável pela emissão da autorização eletrônica.

No entanto, o passo mais importante, como lembrado pelos especialistas, continua sendo comunicar claramente essa decisão aos familiares, garantindo que a sua vontade seja conhecida e respeitada no momento adequado.

Casos como o deste jovem de 20 anos no Piauí mostram que, mesmo diante de uma tragédia, a generosidade pode florescer, criando um legado de vida e esperança. Cada doação é uma corrente de solidariedade que transforma histórias de fim em recomeços.