Hospital em Porto Seguro fica sem obstetras após demissão coletiva
Demissão coletiva deixa hospital sem obstetrícia na BA

O Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães (HRDLEM), localizado em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, enfrenta uma grave crise no serviço de obstetrícia. Toda a equipe médica especializada, composta por oito profissionais, pediu demissão coletiva na última segunda-feira, dia 1º, deixando as gestantes da região sem atendimento especializado.

Crise no atendimento às gestantes

Desde a saída dos médicos, as grávidas que buscam o hospital têm encontrado portas fechadas para o cuidado obstétrico. Casos mais graves estão sendo deslocados para o hospital regional de Eunápolis, a cerca de 60 quilômetros de distância. Para situações de média e baixa complexidade, o atendimento está sendo feito por um clínico geral e um cardiologista, conforme informações da TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia.

A trancista Ana Carla de Souza, que está grávida, relatou sua dificuldade. "Há dois dias estou com sangramento, procurei o médico ontem, mas disseram que já tinham parado os atendimentos por que não tinha médico obstetra. Falaram que eu vou ser atendida por uma enfermeira", contou ela, evidenciando a precariedade da situação.

Motivos da demissão coletiva e mudança na gestão

De acordo com os médicos que se demitiram, os motivos para a saída em massa são a redução salarial imposta pela nova administração do hospital e o não recebimento de verbas rescisórias da gestão anterior. A crise ocorre em um momento de transição na administração da unidade.

Até setembro, o hospital era gerido pelo Instituto de Gestão e Humanização (IGH). O contrato foi encerrado pelo Governo do Estado após relatórios apontarem problemas como superlotação, atrasos cirúrgicos e falta de insumos. A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) convocou então o Instituto Setes, que assumiu a administração no dia 1º de novembro, mesmo dia da demissão coletiva.

Resposta da nova administração

O Instituto Setes afirmou, por meio de nota, que foi surpreendido com a carta de desligamento coletivo. A instituição negou que tenha havido redução de salários, afirmando que houve, na verdade, um aumento no número de plantões e diárias médicas.

Em comunicado, o Instituto declarou: "O Instituto Setes informa que está adotando todas as medidas necessárias para garantir o atendimento obstétrico às pacientes... Desde que a diretoria foi comunicada da situação envolvendo a equipe médica, ações emergenciais foram implementadas". A gestão assegurou que um novo grupo de profissionais já foi contratado e estará em escala de trabalho a partir da quarta-feira, dia 3.

Apesar das promessas, a interrupção abrupta do serviço especializado expõe a vulnerabilidade do sistema de saúde pública na região, deixando dezenas de gestantes em situação de risco e sem o acompanhamento médico adequado em um momento crucial de suas vidas.