Mortes por câncer aumentam 18,8% em Uberaba na última década
Câncer: mortes sobem 18,8% em Uberaba em 10 anos

O município de Uberaba, localizado no Triângulo Mineiro, registrou um aumento significativo nas mortes por câncer nos últimos dez anos. Dados analisados pelo g1 a partir do Observatório de Oncologia mostram que os óbitos por neoplasias cresceram 18,8% na cidade entre 2014 e 2023.

Aumento preocupante nos números

Em 2014, Uberaba contabilizava 371 mortes por tumores, número que saltou para 441 em 2023. A análise desses registros foi realizada pelo médico Raul Dutra, oncologista clínico do Hospital Hélio Angotti, instituição referência no tratamento da doença na região.

Diante desse crescimento da mortalidade, o especialista explica que não há um único fator responsável. "Temos que pensar que não é um fator único, é uma somatória. Mas claro que a gente entende que o câncer é uma doença que está relacionada ao envelhecimento. Então, a idade é um fator importante nisso", detalhou Dutra.

Perfil das vítimas e fatores de risco

A faixa etária com maior registro de mortes por câncer em Uberaba está entre 65 e 69 anos. Quando analisado por gênero, os homens representam a maioria das vítimas: em 2023, foram 235 mortes masculinas contra 206 femininas.

Segundo o oncologista, essa disparidade está diretamente ligada ao comportamento histórico dos homens em relação aos cuidados com a saúde. "De maneira geral, os homens procuram o serviço de saúde mais tardiamente e menos também. Isso leva a que o diagnóstico chegue mais tarde, quando os tumores já estão mais difíceis de serem controlados", explicou.

O médico acrescentou que "o homem também tem uma porcentagem maior de tabagismo e sedentarismo, o que também influencia no maior fator de risco e aumenta a incidência desses cânceres".

Tipos de câncer mais letais e conscientização

Em Uberaba, o tipo de neoplasia que mais mata é o de traqueia, brônquios e pulmão, seguido pelos tumores de cólon e reto e o câncer de mama. Essas doenças estão diretamente relacionadas a fatores comportamentais e ambientais.

"O de colo reto e da mama estão muito ligados a fatores ambientais e da própria população, como sedentarismo, obesidade e alimentação inadequada, que justificam esses três principais tipos de cânceres", analisou o especialista.

O principal desafio para o controle da doença na cidade, segundo Dutra, é conscientizar a população sobre a importância de manter o acompanhamento médico anual, permitindo diagnósticos mais precoces.

Sobre a estrutura de saúde local, o oncologista reconhece avanços: "A estrutura atual da saúde tem melhorado bastante em vista de várias outras cidades, não só de Minas, mas do Brasil. Claro que precisamos melhorar mais, é um caminho longo, mas Uberaba está se destacando".

Dutra destacou ainda que "os exames de mamografia estão com filas zeradas", sinal de que a cidade está no caminho certo para melhorar o atendimento oncológico.

Os dados nacionais são igualmente preocupantes. Pesquisadores que avaliaram as informações do Observatório de Oncologia alertam que, se nada for feito em termos de políticas públicas, o câncer deve se tornar a principal causa de morte no Brasil até 2029.