
Um cenário de horror absoluto. É assim que bombeiros descrevem o que encontraram na tal clínica—que nem clínica deveria se chamar—na Asa Norte. Cinco vidas perdidas de maneira brutal, e agora vem a revelação que corta ainda mais fundo: o lugar funcionava às escuras, sem alvará, sem permissão, sem nada.
Pensa só: um estabelecimento que promete cuidar da saúde, da vida das pessoas, operando completamente na ilegalidade. E o pior? A Secretaria de Saúde do DF confirma que o tal "Centro de Recuperação Neurológica e Reabilitação Funcional" nunca teve autorização para funcionar. Nunca!
O Inferno que Ninguém Merecia
As chamas tomaram conta do lugar por volta das 19h30 de quarta-feira. Os relatos são de cair o coração: pacientes—muitos com mobilidade reduzida—presos dentro de um verdadeiro labirinto sem saída. Os bombeiros chegaram rápido, mas a fumaça espessa e o fogo acelerado tornaram tudo um pesadelo.
"A gente tenta fazer o impossível nessas horas", disse um capitão dos Bombeiros Militar, com a voz ainda embargada. "Mas a estrutura era complicada, cheia de divisórias, e o fogo se espalhou com uma velocidade assustadora."
Ilegalidade que Custa Vidas
Aqui é onde a raiva começa a ferver. Como é que um lugar desses fica meses—ou quem sabe anos—funcionando debaixo do nariz das autoridades? A fiscalização simplesmente não existiu, ou foi incapaz de detectar uma operação clandestina dessas proporções.
E não para por aí. A tal clínica—que mais parecia uma armadilha—não tinha alvará dos bombeiros, não tinha licença da vigilância sanitária, não tinha nada que a legitimasse. Zero. Nada. Um comércio da morte disfarçado de cuidado.
- Vítimas identificadas: Maria do Livramento, 75 anos; Raimundo Nonato, 67; Maria do Socorro, 81; e mais duas que aguardam reconhecimento oficial.
- Sobreviventes: Sete pessoas resgatadas com vida, mas em estado crítico de saúde.
- Operação: O lugar funcionava 24 horas, com pacientes internados continuamente—uma bomba-relógio prestes a explodir.
O Aftermath: Busca por Responsáveis
A Polícia Civil já abriu inquérito para apurar não só as causas do incêndio, mas também a responsabilidade criminal pelos óbitos. E olha, a lista de possíveis culpados é longa: dos proprietários do estabelecimento até possíveis conivências por parte do poder público.
"É uma negligência criminosa", disparou um delegado envolvido no caso. "Alguém sabia que isso estava acontecendo. Alguém sempre sabe."
Enquanto isso, famílias choram seus mortos e questionam como algo assim pôde acontecer na capital do país. Uma mistura de dor, incredulidade e—acima de tudo—uma revolta que não cabe no peito.
O caso escancara uma ferida que muitos preferem ignorar: a precariedade de alguns "serviços de saúde" que, na verdade, só lucram com a vulnerabilidade alheia. E o preço, como sempre, é pago com a vida dos mais frágeis.