Cirurgia robótica para câncer de próstata chega ao SUS em 2025
Cirurgia robótica para câncer de próstata no SUS

O diagnóstico precoce do câncer de próstata representa a etapa inicial para determinar a abordagem terapêutica mais adequada para cada paciente. Quando a doença é detectada, os médicos realizam um processo chamado estadiamento, que avalia se o tumor está confinado à próstata ou se já atingiu outros órgãos.

Avanços tecnológicos no tratamento

Graças aos progressos tecnológicos, a cirurgia para câncer de próstata tornou-se cada vez mais precisa e eficiente. A definição da melhor estratégia terapêutica é realizada por uma equipe multiprofissional composta por urologista, oncologista clínico e radioterapeuta.

Segundo o Dr. Fernando Leão Costa, urologista da Oncomed (CRM 10511/MT | RQE 4853), a indicação cirúrgica depende fundamentalmente das condições clínicas do paciente. "Se o paciente está bem, sem limitações cardíacas ou outras doenças que impeçam a cirurgia, ela pode ser o tratamento de escolha", esclarece o especialista.

Nos casos iniciais da doença, as taxas de cura superam impressionantes 90%. Atualmente, existem duas principais abordagens cirúrgicas: a robótica e a videolaparoscópica.

Diferenças entre as técnicas cirúrgicas

A cirurgia videolaparoscópica representa uma opção minimamente invasiva, porém com menor amplitude de movimentos e precisão quando comparada à robótica. A principal inovação nessa área é a cirurgia robótica, técnica disponível em Cuiabá há aproximadamente três anos.

Na prática, o médico realiza o procedimento utilizando um console com visão tridimensional e ampliação de até 40 vezes. O equipamento permite movimentos mais precisos e delicados do que a mão humana, preservando estruturas importantes responsáveis pela continência urinária e função sexual.

"A cirurgia robótica trouxe um salto enorme na segurança e na recuperação do paciente. Os riscos de incontinência e impotência sexual são hoje muito menores", destaca o Dr. Fernando Leão Costa.

Inclusão da cirurgia robótica no SUS

Até recentemente, a cirurgia robótica não integrava a cobertura obrigatória dos planos de saúde e não estava disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes interessados precisavam arcar com os custos do procedimento de forma particular ou solicitá-lo judicialmente.

Essa realidade transformou-se a partir de uma portaria do Ministério da Saúde emitida em 30 de setembro de 2025, quando o procedimento foi oficialmente incorporado ao rol de procedimentos do SUS. A decisão baseou-se em recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e destina-se a pacientes com câncer de próstata clinicamente localizado ou localmente avançado.

As áreas técnicas do SUS dispõem de 180 dias para efetivar a oferta, definindo protocolos, centros de referência e treinamento de equipes. "O SUS agora tem seis meses para precificar e começar a ofertar essa tecnologia. E, conforme a resolução nº 555/2022, os convênios têm até 60 dias para incluir o procedimento em seus planos", explica o urologista.

A expectativa é que, até o final de novembro, os planos privados estejam aptos a oferecer a cirurgia robótica. "Isso é uma grande vitória", comemora o médico.

Impacto das campanhas de conscientização

O câncer de próstata permanece como um dos mais comuns entre os homens brasileiros. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) projetam entre 70 e 75 mil novos casos anuais no país durante o triênio 2023-2025.

Para o especialista, campanhas como o Novembro Azul exercem papel fundamental na mudança de comportamento masculino. "Percebemos que o homem tem procurado mais o médico e está mais aberto ao exame preventivo. A resistência é bem menor do que há alguns anos. Isso é resultado direto das campanhas de conscientização", afirma.

Com a chegada da cirurgia robótica ao SUS e a ampliação do acesso aos tratamentos modernos, a expectativa é que o Brasil avance ainda mais na cura e na qualidade de vida dos pacientes com câncer de próstata.